Não podemos reduzir as manifestações populares à dimensão social. Junto com a denúncia da falência dos serviços públicos,  veio de forma absolutamente cristalina, a denúncia do sistema político: os cartazes e as palavras de ordem do tipo- “Os políticos não me representam”. Os ataques aos palácios legislativos e executivo,   sintetizam  a constatação de que está havendo uma clara distorção entre representantes e representados no Brasil.

Parece que os oposicionistas ao governo Dilma ainda não compreenderam a dimensão do que está ocorrendo no Brasil após as grandes mobilizações  que vêm ganhando as ruas do país. Enquanto os atos acontecem, dirigentes nacionais do PSDB, DEM e PPS vêm tentando se diferenciar das iniciativas do governo e tentando jogar esta crise para a responsabilidade da presidente da república.

Os protestos em curso no Brasil revelam  que o povo brasileiro quer resposta imediata para quatro  questões centrais: o caos da mobilidade urbana,  a falência dos serviços públicos básicos, a  crise de representação política e um combate vigoroso à corrupção.

Após duas semanas de intensas mobilizações de massas pelo Brasil, já podemos alinhavar alguns pontos de vistas que servem como ensaio sobre as causas, desenvolvimentos e limites deste movimento.

Hoje, (19)  os governos de São Paulo e Rio de Janeiro anunciaram a redução das tarifas de transportes coletivos. Quando o repórter perguntou para uma estudante que representava o movimento “Passe Livre” quais seriam  os rumos do movimento, a estudante respondeu: “Agora a luta é pelo passe livre”.

Ontem, novamente a sociedade  brasileira saiu às ruas. Foram 700 mil no Rio, 100 mil em Recife. 20 mil em Belém. Todas as capitais e mais 60  cidades protestaram, em escalas de milhares, que somados chegaram a mais de dois milhões de pessoas.

Qual o caráter do movimento que vem tomando conta das ruas do Brasil? Os governos  começam a acenar com a redução entre 5 e quinze centavos nas tarifas dos transportes urbanos.  Até parece que este povo está atrás de centavinhos, nestas jornadas juninas.

Em São Paulo a luta contra o reajuste das tarifas de ônibus desencadeou um movimento de massas nas principais capitais do Brasil. Este movimento é apenas a ponta do iceberg de um sofrimento latente da classe trabalhadora, de estudantes e que pode vir a galvanizar parte das classes médias urbanas como consequência de uma inflação que atinge este segmento de forma diferenciada.