O sistema de governo em um país democrático caracteriza as relações estabelecidas entre o executivo e o legislativo. No presidencialismo clássico, o presidente é chefe de governo e chefe de estado. No Brasil, na Ditadura de 1964 e no pós Ditadura, os legisladores entenderam que para evitar crise de governabilidade o poder executivo deveria deter recursos institucionais que impedisse o legislativo de produzir paralisia decisória, como na década de 1960.

Normalmente as prefeituras de baixa arrecadação padecem de incapacidade para honrar com as obrigações sociais de seus funcionários assim como tendem a fazer poucas realizações com recursos próprios. Este fato faz com que a capacidade de um prefeito se reeleger diminua bastante, fala-se que as prefeituras pobres são cemitérios de prefeitos, uma vez que perdem capacidade de construir uma carreira política estadual ou federal.

Recentemente o Brasil conviveu com um governo atípico, porque antipolítico, antidemocrático, antissocial e anti-humano. Foi o governo Bolsonaro que atuou contra todas as teorias de marketing político e marketing de governo corrente, obteve sucesso eleitoral e, mesmo num contexto de pandemia, crise social, crise econômica e destruição de direitos trabalhistas, chegou nas eleições com praticamente 50% do eleitorado.

No Brasil temos eleições alternadas a cada dois anos entre disputas estaduais e disputas municipais. Nestas eleições são intensas as alternâncias de governos. Nas disputas municipais temos enormes alternâncias de governos devido à carência estrutural de recursos orçamentárias que todas as cidades brasileiras sofrem.

O Estado social brasileiro, construído a partir da Revolução de 1930, foi exitoso na sua implantação graças à crise do liberalismo na Europa e nos EUA, no contexto pós primeira guerra mundial e da Revolução Russa, tendo como corolário a crash da bolsa de nova York e a intensa luta de classes na Europa ocidental com a ascensão do movimento operário.

O sistema político brasileiro tem funcionado, é verdade, mas somente à base da pulverização de recursos em busca de estabilidade congressual dos executivos federais. Com a distribuição de recursos de forma conjuntural e clientelista é que tem permitido a sobrevivência do poder executivo no Brasil, vide governos de FHC, Lula, Temer e Bolsonaro.

              Na história recente do Brasil, somente nas eleições de 1950 a extrema direita,  representada pela União Democrática Nacional-UDN, de forma dolosa, recorreu ao Supremo Tribunal Federal contra a vitória de Getúlio Vargas, que obteve 48% dos votos naquela eleição. A UDN, por fora das regras constitucionais de então, alegava que Vargas para ser declarado vitorioso precisaria de maioria absoluta. Ao final o recurso foi indeferido e Vargas empossado.

Normalmente acompanhamos as análises que se processam frente à momentos políticos conflituosos e percebemos os alcances das análises políticas e sociológicas sobre determinados períodos históricos. As análises não ultrapassam o conjunturalismo dos conflitos entre os atores políticos no contexto de variáveis nacionais e internacionais, onde se incluem os movimentos das economias e o confronto entre os países na luta por zonas de influências.