Quais as possíveis tendências que poderíamos visualizar para o ano de 2017 no Brasil?
Creio que podemos antever com clareza, na arena administrativa, uma quebradeira generalizada da grande maioria dos municípios brasileiros e perda da capacidade de investimento das unidades federativas estaduais (estados) e na arena política enorme incerteza que deverá permanecer no curso de todo o primeiro semestre de 2017.
Com a informação das autoridades econômicas brasileiras de que o Produto Interno Bruto –PIB sofrerá uma contração de 3.8% em 2017, poderemos imaginar a queda de arrecadação de impostos com repercussão direta nas finanças da União, Estados e Municípios. Isto posto, a capacidade de municípios e estados em honrarem com seus gastos rotineiros fica ameaçada.
Nas regiões norte, nordeste e centro-oeste existe boa probabilidade de que os governos precisem realizar demissões significativas, no decorrer dos próximos meses, para garantir o pagamento do funcionalismo, das obrigações sociais e dos custeios da máquina pública como: telefone, água, luz e material de consumo.
Portanto, do ponto de vista econômico o ano de 2017 parece indicar um tendência de graves conflitos sociais entre funcionalismos e Estado, das três esferas de governo. Por outro lado, o governo Temer anunciou uma agenda de reformas previdenciárias e trabalhistas que penalizam exclusivamente o salário em detrimento do capital, indicando que uma gama de lutas sindicais devem emergir.
Do ponto de vista político, permanece enormes incerteza. Enquanto a Lava Jato não finalizar seus trabalhos, a arena política brasileira permanecerá movediça. Outro fator que amplifica as incertezas na arena política será a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, sobre o pedido de cassação da chapa Dilma-Temer e que deve ser julgada nos próximos 90 dias.
Caso a crise econômica persista e os movimentos sociais vierem a ganhar as ruas, de forma descentralizada, e em dimensões de milhões, o congresso nacional, a grande mídia e a classe política governante poderão vir a considerar a possibilidade de antecipação das eleições presidenciais.
Caso a agenda de antecipação eleitoral não venha a se impor, então poderemos imaginar um cenário para os próximos 12 meses de crise econômica, crise política continuada, impulsionada pela Lava a Jato e enormes conflitos trabalhistas impulsionados pelos empregados dos governos municipais, estaduais. Portanto, 2017 apresenta-se indigesto e somente a luta social poderá amenizar os pacotes de arrocho contra toda a classe trabalhadora.