Participei de inúmeras greves durante minha vida sindical e estudantil. Apresentávamos nossa pauta de reivindicação e esperávamos pelo menos negociar boa parte de nossas demandas. Sabíamos a dificuldade de impor o total de nossas demandas devido ao limite do caixa do governo. Sempre que o governo negocia em uma greve, este também mede o efeito cascata que advém quando uma greve é vitoriosa.
Creio que neste momento a direção do SINTEPP vive um dilema de difícil solução: como sair desta greve com ganhos parciais?
Mas por que deste dilema? se o correto seria negociar a pauta parcialmente, aceitando o parcelamento do retroativo de 2011?
Porque, se conheço a luta intra partidária dentro das assembléias do SINTEPP, neste momento PSTU, esquerda do PSOL devem estar apostando no tudo ou nada. O campo majoritário do SINTEPP deve estar refém desta minoria radical que vem tendo maioria nas assembléias. Não sei como está a posição das lideranças petistas neste embate, que deve estar ocorrendo.
Por que acredito que isto deve estar ocorrendo? porque esta é a mais ampla pauta de negociação que já obteve sinalização verde de um governo estadual, desde a redemocratização. Apesar destas sinalizações negociativas, assembléias têm votado contra aceitar acordos parciais. Creio que as lideranças mais responsáveis temem perder influência dentro da categoria a partir desta greve. O PSTU e a esquerda do PSOL devem estar surfando no radicalismo faraônico.
O raciocínio dos ufanistas é simples: o governo está de "quatro", então vamos conquistar tudo que pudermos nesta conjuntura favorável. Caso esta lógica triunfe dentro do movimento, que parece que é o que está acontecendo, então, adeus acordo.
A maioria do SINTEPP pode estar refém das minorias radicais. Acredito que esta novela pode se prolongar e as conquistas podem vir a serem perdidas.
Torço para queimar minha língua.