Domingo é um bom dia para percebermos o grau de polarização política que está em curso no Pará, no contexto da sucessão estadual que se aproxima. Não precisa ser pitonisa para saber que estas serão as eleições mais sectarizadas da história política recente  em nosso estado.

Os ataques envolvendo  a malversação dos recursos públicos, ataques diretos de corrupção e insinuações de caminhos patrimonialistas no uso da máquina pública estão presentes, nas páginas centrais e nos editoriais dos dois maiores grupos de comunicação de nosso estado, e que sintetizam os interesses das duas macro coligações beligerantes: PSDB e PMDB.

A política paraense tem um percurso bipolar e sectário  desde a inauguração da República em nosso país em 1889. Na República Velha, eram Lauristas e Lemistas. Depois da Revolução de 1930, eram Barata e Paulo Maranhão. Em seguida, Jarbas versus Alacid, durante a Ditadura. Parece que agora, retorna-se a velha batalha ultra sectária, sempre no entorno do espectro centrista da política, envolvendo  PSDB e PMDB.  A esquerda jamais polarizou a disputa política no Pará, comandando o executivo estadual, por mais de uma eleição, a exemplo do governo Ana Júlia.

Este modelo de disputa é antigo e ultrapassado. Estes atores, hoje centrais da política paraense, talvez possam imaginar que a sociedade brasileira do século XXI ainda seja a mesma da metade  do século passado. A eleições de 1996 deveria ter dado uma lição em toda a classe política paraense, mas este aprendizado não aconteceu.

A maioria dos blogs se caracterizam, ou por serem mais jornalísticos do que analítico, ou por já estarem posicionados no entorno das duas macro coligações. Estas conformam os campo de disputa, até agora bi polarizado: situação versus oposição. Parece que a mídia impressa e a virtual ainda estão desvinculados de uma população, majoritariamente crítica, que se instala dentro dos grandes centros urbanos, e que exorcizam o modelo de disputa política centrada  em ataques despolitizados e fundados em acusação mútua.

Nossas elites políticas ainda fazem política  do curto prazo e não encaixam abordagens pertinentes nas pesquisas quantitativas e qualitativas que mandam realizar de tempos em tempos, talvez de quatro em quatro anos. E normalmente, estes questionários, construídos a partir de interesses imediatos, servem apenas como  bússola nas eleições. Assim, nossos atores políticos não percebem que a população exige uma nova forma de fazer  política.

Eu posso estar errado, mas se nossa cidade estiver mudada, mesmo,  este tipo de disputa política será amplamente rejeitada, principalmente se emergir uma terceira via eleitoral, com força de uma coligação partidária, que venha a se diferenciar do modelo de disputa política e eleitoral que está sendo proposta por PMDB e PSDB.

Sem dúvida nenhuma, uma eleição, no contexto de reeleição de um governador será sempre plebiscitária, e como tal, o mandatário de plantão estará na “berlinda”. Então a disputa sempre ocorrerá, a questão é, como se faz esta disputa com uma ação política qualificada? Este modelo de disputa baseada na acusação mútua de corrupção, só faz diminuir a estatura da ação política, dos partidos dos políticos e da democracia.

Por que  situação e oposição não travam esta disputa no campo da avaliação das políticas públicas, dos erros e acertos do governo de plantão. Lógico, o governo maximizando seus acertos e a oposição maximizando os erros ou omissão do governo incumbente? Este tipo de disputa elevaria o status da ação política, e como tal, de toda a classe política.

Posso estar redondamente enganado em minhas projeções mas,   se este modelo de disputa política instalado até o presente momento se agudizar, como creio que de fato acontecerá, tucanos e sobrancelhudos morrerão abraçados no contexto de uma terceira via propositiva e que venha  ocupar um enorme vácuo deixado pela situação e oposição a partir de um modelo de competição política fundada na  destruição moral mútua.

Toda a população eleitoral já sabe que não existe santo em política. Na vida real, nenhum grande partido brasileiro está isento de manchas deixadas pela corrupção. Então eu perguntaria, por que os maiores atores políticos das eleições no Pará insistem na desqualificação moral mútua? A população tenderá, na presença de uma terceira via com viabilidade eleitoral, a abandonar aqueles que travam a política da baixaria.

Tenho dito.

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