A partir desta semana começarei a apresentar  breves análises em torno das possibilidades eleitorais dos principais candidatos ao governo do Pará: Jatene, Helder e Dudu. De início, quero alertar de que não pretendo me  ater aos aspectos morais desabonadores que regem  os discursos apaixonados de apoiadores e opositores de cada candidato. Quem oferece denúnciia por atos de peculato é o Ministério Público e quem julga é o poder judiciário. Parece-me que nenhum dos três candidatos tem processo transitado em julgado, portanto, ninguém ainda foi considerado culpado pela justiça.

SIMÃO JATENE.

Caso este professor da UFPA venha a ser candidato podemos concluir de que o PSDB tem um candidato competitivo ao governo do estado.  É competitivo porque conta com o direito à reeleição sem deixar o cargo. É competitivo porque conta com a máquina de patronagem estadual, que é um importante diferencial perante seus opositores.

 É competitivo porque contará com pelo menos cinco partidos com boa representação no congresso nacional: PSDB, DEM, PPS, PP e PSD, o que lhe renderá um ótimo tempo de TV. É competitivo porque poderá contar com o apoio de pelo menos 50 prefeitos municipais. É competitivo porque conta com as verbas de publicidade que poderão amplificar os resultados de governo perante à sociedade.

Mas o governador Jatene, não conta apenas com a máquina de patronagem  e com apoio partidário e de prefeitos. Jatene também tem um razoável capital político em obras e serviços, que se bem “aproveitados” poderão servir como mote para apresenta-lo como um razoável realizador num contexto de convivência com a indiferença do governo federal petista.

Ninguém pode negar de que o governo Jatene tem obras que, bem divulgadas, poderão convencer boa parte da opinião pública e do eleitor  mediano de que o atual governador  fez o melhor que pode à frente do atual governo, tais como: Equipar e  colocar para funcionar os cinco hospitais regionais. Extenso trabalho de asfalto das rodovias estaduais. Expansão de máquinas de hemodiálise pelo estado. Implantação de novos leitos hospitalares. Construção de pelo menos mais dois novos hospitais de retaguarda. Implantação de um novo terminal de embarque e desembarque na capital. Construção de infraestrutura cultural em Santarém e Marabá. Instalação de políticas de enfrentamento preventivo e coercitivo à criminalidade através da instalação das Unidades Integradas  Pró Paz-  UIPP. Ampliação da receita estadual através da taxa mineral

Além destas obras executadas, ainda podemos encontrar uma resumida prestação de contas do governo em: http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=67013. Ou seja, dizer que Jatene não fez nada, não representa a verdade dos fatos, e por certo, com a propaganda na TV, a população ficará a par destas realizações, ou seja, este não é um flanco de ataque  tão fragilizado, como pensa a oposição.

Mas Simão Jatene, mesmo com todo este cartel de obras e serviços enfrenta enormes problemas que colocam em risco sua reeleição, qual sejam: cansaço do eleitor com um possível terceiro mandato de Jatene no Pará. O discurso da panelinha, se bem utilizado deverá “pegar”.

A conjuntura nacional de repulsa a quem governa, demonstrado pelas mobilizações espontâneas de junho de 2013. A falência dos serviços públicos na esfera municipal e estadual, ou seja, quem for governo deverá entrar na linha de “tiro” do eleitorado em 2014. A rejeição à forma tradicional de fazer política, sem transparência pública e sem  controle social e institucional.

Mas o governador do PSDB deverá enfrentar outras fontes  de dificuldades representadas por variáveis de ordem política, tais, como: ter perdido o apoio do partido mais implantado em nível municipal, que é o PMDB. Ter  contra sí a máquina midiática do poderoso grupo RBA de comunicações. Estar o Partido dos Trabalhadores- PT alinhado na oposição ao governo Jatene e na coligação oposicionista junto com o PMDB.

Outro fato relevante que coloca em risco uma possível reeleição do governador Simão Jatene é a problemática envolvendo enorme rejeição nas regiões sul, sudeste e oeste do Pará, tendo em conta o ressentimento daquele eleitorado com a derrota no plebiscito que pretendia esquartejar o Pará, e que vem sendo bem estimulado, pelos partidos e políticos que lhe são opositores.

E, para gerar grandes preocupações no ninho tucano paraense, as últimas pesquisas tem revelado um baixo índice de avaliação positiva, perante à percepção popular, que estaria  abaixo de 30% de avaliação BOA/ÓTIMA.  E para piorar o humor tucano, a entrada do ex-prefeito Duciomar Costa na corrida eleitoral, significa perda de voto, nas “cidadelas” tucanas representadas pela região metropolitana e nordeste do Pará.

Variáveis de ordem conjuntural psicológica como a falência dos serviços públicos. O “racha”   na base aliada do governo tucano, representada pela saída do PMDB do arco de aliança. A aliança PMDB/PT. A candidatura Dudu. A  secessão no sul, sudeste e oeste do Pará. E, a longa permanência dos tucanos no governo do Pará, colocam a tendência estrutural de derrota tucana nas eleições de 2014 no Pará. Mas,  é somente tendência.  Os quadros tucanos poderão, com  estratégia política e midiática competente reverter este quadro que hoje lhes parece adverso.´

Eu diria que  Jatene deve sair em primeiro lugar no primeiro turno, e suas possibilidades de vitória aumentariam caso seu adversário fosse Helder e que o candidato tucano viesse a contar com a adesão militante do candidato Dudu em seu apoio no segundo turno. Portanto, a sobrevivência de um eventual governo tucano a partir de 2015 no Pará, se potencializaria com a passagem de Helder ao segundo turno.

Mas para Jatene contar com um eventual apoio de Dudu em segundo turno, duas coisas teriam de acontecer: 1-Dudu não passar ao segundo turno, e 2- Jatene convencer Dudu a apoiá-lo num eventual segundo turno. Caso o planalto entre no jogo, dificilmente Dudu cambaria para o governo tucano. Claro, tudo vai depender do nível da campanha em primeiro turno. Dudu neste momento seria a noiva mais desejada da competição política do Pará em 2014.

Por incrível que pareça, Dudu poderia ser a solução dos problemas do PSDB em segundo turno, mas poderia ser o verdugo tucano, caso o ex-prefeito de Belém passe ao segundo turno, porque não se pode imaginar o apoio do PMDB ou PT ao tucanato em um eventual segundo turno no Pará em 2014. Quem fizer mais política no primeiro turno nas eleições de 2014 poderá colher os frutos em segundo turno.

Compartilhar
FaceBook  Twitter