O PMDB, após ficar 20 anos longe da cabeça do governo do estado do Pará, aposta todas as fichas em retomar o comando político e administrativo do estado. O objetivo desta breve análise é tentar apresentar um conjunto de argumentos que possam estabelecer parâmetros para projetarmos as possibilidades do PMDB nestas eleições.

O jovem político Helder Barbalho é o encarregado de entrar na arena eleitoral com a finalidade de enfrentar e derrotar o longevo projeto tucano que há 16 comanda o estado e que busca um quinto mandato, com o governador Jatene procurando ser o primeiro governador da era democrática-popular a ficar por três governos ou 12 anos, à frente do executivo estadual.

As possibilidades competitivas de Helder Barbalho se assentam em quatro eixos: O peso político do ex-governador Jáder Barbalho; Os   resultados de seus 8 anos de governo na segunda maior cidade do Pará, Ananindeua; A máquina midiática representada pela holding RBA; Uma grande coalizão eleitoral tendo à frente PMDB/ PT.

Sem dúvida nenhuma, já é perceptível a relação entre o eleitorado e a marca administrativa e carismática do ex-governador Jáder nas intenções de voto destinadas ao candidato Helder Barbalho. Nos testes eleitorais que fiz no ano passado, quando apresentava-se ao entrevistado listas estimuladas, com  alternâncias entre o nome de Jáder e  Helder, o percentual de intenção de voto estadual era semelhante. Ou seja, Helder já sairá na corrida eleitoral com pelo menos  15% de intenção de voto, repassados pelo ex-governador Jáder.

A passagem de Helder pelo governo de Ananindeua, deram-lhe currículo para apresentar de forma inquestionável o requisito da experiência administrativa como executivo municipal. Helder ao final de seu governo, apresentou dados não questionados publicamente pela oposição em Ananindeua a respeito de seus dois mandatos.

Tais resultados de governo englobam ações em saúde, educação, esgoto sanitário, habitação popular. Veja aqui o balanço do governo Helder, apresentado quando do final de seu governo:

http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-181811-.html

Sem dúvida nenhuma, o grupo RBA de comunicação veio construindo a imagem do ex prefeito de Ananindeua nos últimos 14 anos e hoje, apesar de Helder nunca ter disputado cargos majoritários de âmbito estadual, já é bem conhecido em todo o território paraense, principalmente, neste momento, onde apresenta um programa numa rádio de grande audiência em todo o Pará.  A RBA atua afirmando o nome Helder e desconstruindo a imagem das candidaturas adversárias.

A coalizão construída, com várias siglas, tendo à frente o Partido dos Trabalhadores, representa uma musculatura respeitável, tendo em conta que este partido tem implantação sólida em quase todos os municípios paraenses possuindo um cartel de quase trinta prefeitos, que somados com a base local do PMDB, representam uma variável que pode ter um grande significado na estruturação municipal e regional da candidatura pemedebista.

Ninguém pode  negar que existe uma base de apoio logístico, partidário, parlamentar e de máquinas municipais, que colocam Helder Barbalho como favorito, neste momento, para ser um dos desafiantes em segundo turno das eleições governamentais paraense. Ademais, Helder ainda conta com o longo e cansativo período de governo tucano no Pará e com uma percepção popular acerca do desempenho do atual governador que varia de   Regular para Ruim, do que Boa.

Porém, Helder não tem apenas aspectos positivos nesta sua corrida rumo ao palácio dos despachos. Helder também convive  com  4 variáveis centrais que podem comprometer sua caminhada rumo ao governo do Pará:  A grande rejeição eleitoral na região metropolitana, para cargos de mando, do ex-governador Jáder Barbalho; A percepção popular negativa de seu desempenho à frente do governo de  Ananindeua;  A previsível ausência da militância petista no entorno de sua candidatura; A possível caminhada descendente da candidatura Dilma, nestas eleições.

Todas as  pesquisas  realizadas até o ano passado, revelavam  que Jáder Barbalho, de saída, não tem menos de 20% de rejeição perante o eleitorado da região metropolitana. Este percentual tende a duplicar quando os adversários reavivam a memória popular sobre as acusações que pesam sobre o ex-governador Jáder. É só lembrarmos da última eleição de 2012 em Belém, quando o candidato do PMDB, José Priante ocupava o segundo lugar nas pesquisas e, no momento em que o candidato Arnaldo Jordy, ferido com os ataques que lhes foram desferidos pelo grupo RBA naquele pleito, relembrou a ligação familiar entre Jáder e Priante. O candidato pemedebista, despencou, em duas semanas, para o quinto lugar nas preferências populares.  Portanto, para o bem ou para o mal, Jáder estará presente em todas as fases desta campanha, potencializando ou não, os destinos eleitorais de seu filho Helder Barbalho. Lembremos, que a massa de eleitores fiéis de Jáder, já está quase toda desaparecida, devido à  mudança geracional.

Quando Helder saiu do governo de Ananindeua em 2012, existia um paradoxo. Helder apresentava publicamente resultados de governo convincente. Pelo menos ninguém da oposição contestou. Mas a percepção da população de Ananindeua, sobre o governo Helder, caminhava em sentido contrário, ou seja, a população concedia a Helder um percentual elevado e dominante de avaliação negativa sobre o seu governo. Este é o problema também enfrentado hoje pelo atual governador do Pará.  E não tenhamos dúvida.  A gestão Helder em Ananindeua estará em debate nestas eleições, seus opositores trarão este tema para o palanque eletrônico. Como a população sempre, em eleições para executivo, leva em conta a qualidade passada de um chefe de executivo, Helder poderá enfrentar grandes revezes nas intenções de votos. Assim funciona a democracia.

Em todas as “rodadas bem informadas”, da intelectualidade progressista e de esquerda, venho fazendo pesquisas qualitativas. E em todas as avaliações, a grande maioria aposta de que a militância petista das tendências não irão para as ruas vestindo a camisa de Helder Barbalho. A razão é simples: O PT chamou Jáder de ladrão durante mais de 20 anos de sua existência. E até agora, a direção petista ainda não explicou o porquê, de ter mudado tão radicalmente sua avaliação em torno do nome de Jáder e de sua herança política. E todos perguntam: Quem caminhará com Helder nas periferias de Belém? E pelo interior do estado? Normalmente, o PT adora receber apoio eleitoral, mas não gosta de fazer campanha para candidato majoritário de outro partido.

Outra variável, de ordem política, que poderá estar influenciando diretamente a campanha eleitoral do candidato Helder Barbalho rumo ao governo do Pará, serão as possibilidades eleitorais da candidata Dilma Roussef. Apesar de Dilma vir liderando a corrida presidencial, muitos sinais de alerta vêm emergindo nesta conjuntura pré-eleitoral.

Em todas as pesquisas, dois terços dos eleitores de Dilma querem mudanças nos rumos de governo. Como os candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos ainda são desconhecidos do eleitorado brasileiro, afinal, estes nunca disputaram uma eleição presidencial, este mesmo eleitorado que é crítico ao governo Dilma, ainda não vislumbra outra alternativa real de governo. Mas esta percepção tende a mudar, quando iniciar o horário eleitoral gratuito na televisão.

O governo Dilma está com três marcas altamente negativas que podem comprometer sua eleição nos próximos meses:  O escândalo de Pasadena-Petrobrás; Os indicadores econômicos que apontam para a inflação e para a piora das contas públicas e da balança comercial com a estagnação do crescimento do Produto Interno Bruto-PIB; E a marca negativa que hoje representa para o governo Dilma, a copa do mundo, com seus custos bilionários e os escândalos de superfaturamento nas obras em curso.

Todos este fatores tendem a colocar a candidata Dilma em descenso nas preferências, nos últimos dias da  campanha eleitoral e, com ela devem descer, ladeira abaixo, quem estiver com estratégias eleitorais, ancorada na candidata petista. Tudo isso sem falar que o PT caminha para o quarto mandato consecutivo. O natural cansaço democrático, produzido pelo continuísmo, normalmente, exige, na percepção popular, alternância de governo.

Poderemos, também, assistir a revolução do voto, que se iniciou nas ruas, com os protestos de 2013, que pode levar para a cova as candidaturas de quem estiver no exercício de mandato, seja ele presidente ou governador. O povo exige o funcionamento de serviços públicos nos estados e municípios brasileiros e a transparência das atividades políticas.

Será desta equação entre pontos positivos e negativos, é que emergirão as possibilidades eleitorais do candidato Helder Barbalho.  Mas sem dúvida, a grande coalizão partidária que sustentará a candidatura Helder e o elevado tempo na TV, o tornam altamente competitivo. Caso as eleições fossem hoje, Helder estaria, seguramente no segundo turno.

Tenho dito.

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