Muitos políticos estarão disputando mandato parlamentar. Uns buscando a reeleição outros tentando “varar” neste concorrido mercado. No Pará temos pelo menos 5 milhões de eleitores e 41 deputados estaduais e 17 deputados federais. O TSE aprovou a ampliação deste números para 45 e 21 respectivamente, mas esta iniciativa enfrenta barreiras políticas no congresso nacional com as bancadas do sul e sudeste.

Os  políticos que já detém mandato e os políticos que lutarão por um mandato devem estar antenados com as regras do jogo e devem saber usá-las em seu favor. A primeira pergunta que o candidato deve fazer é qual o quociente eleitoral provável para a eleição de um  deputado, seja ele federal ou estadual, dependendo de qual cargo  se vai disputar.

O quociente eleitoral se obtém dividindo o número de votos válidos pelo número de assento parlamentar em  disputa.  Em seguida o candidato deve fazer outra pergunta: qual o quociente eleitoral provável de meu partido? Obtém-se o quociente partidário dividindo o número de votos do partido pelo quociente eleitoral.

De posse destas informações básicas, o candidato deve estar muito bem “consultado” sobre o poder  eleitoral/parlamentar de seu partido e se auto-perguntar, novamente:  meu partido tem condições sozinho de “fazer” o quociente eleitoral? Caso positivo, qual o potencial de votos de meu partido? Quantos assentos podem ser conquistados pela minha legenda?

Caso o partido seja pequeno ou “nanico”.  Um partido eleitoral nanico detém entre 0 e 4.99% dos votos, e um partido pequeno entre 5 e 10% dos votos válidos. Um partido médio entre 10.1 e 20% dos votos e um partido grande acima dos 20% dos votos. A mesma métrica se usa para classificar os partidos quanto ao seu tamanho parlamentar.

Caso o candidato seja um político de primeira viagem, a necessidade de ter muitas informações sistêmica sobre as regras do jogo e sua operacionalização é imprescindível. Afinal, em uma eleição temos candidato que se elege deputado estadual com 10.000 votos e outro que não se elegeu com 40 mil votos. Só o domínio das regras evita este tipo de situação.

Respondido a pergunta sobre o potencial de voto de um partido, caso a resposta seja negativa em relação à conquista do quociente eleitoral, o candidato enfrentará outro dilema estratégico para suas possibilidades eleitorais:  precisa-se de uma coligação eleitoral, e aí surge mais uma pergunta: com qual o partido deve se coligar, com partidos pequenos, médios ou grandes?

Caso um partido nanico ou pequeno opte em fazer uma coligação eleitoral, então surge uma diretriz de imediato: deve-se procurar parceiros que impulsionem a obtenção de pelo menos dois assentos parlamentares. Mas não basta escolher qualquer parceiro. Deve-se escolher parceiros que não disponham de candidatos que já possuem mandatos parlamentares. Caso este pressuposto seja atendido, a disputa dentro da coligação fica mais simétrica. Ou seja, partidos médios e grandes devem ser, de pronto, descartados.

Para chegar a estes parceiros ideais é necessário um estudo do desempenho eleitoral, em eleições pretéritas, de todos os parceiros ou candidatos a parceiros de coligação. Verificar se estes partidos mantém o mesmo poder de fogo agora, semelhante ao que ostentou nas eleições de 2010. Verificar a capilarização municipal de cada partido candidato à coligação. E por último produzir uma chapa proporcional formulada a partir de uma visão geopolítica da disputa eleitoral e que contemple, claramente, a figura de puxadores de votos para potencializar o desempenho eleitoral da coligação.

No rumo de tomar a decisão de qual coligação deve-se se somar, é decisivo que o candidato tenha em mãos um estudo científico sobre o desempenho dos partidos e coligação nas eleições de 2010, verificar o potencial de voto atual. Projetar a bancada de cada partido e coligação, verificar quantos assentos poderão, de fato, ser conquistado pela sua coligação. Assim, a possibilidade de disputar uma eleição “como bucha de canhão” de outros candidatos diminui bastante.

Ahh, bucha de canhão significa, participar de uma eleição, gastar recursos matériais e organizativos para somar legenda para os candidatos mais bem estruturados em todos os sentidos. Logicamente que o conjunto das regras que regem a captura de sufrágio deve ser obedecida, sob pena de cassação de mandato a posteriori.  A figura do cientista política e do advogado eleitoral são decisivos para enfrentar, ganhar o jogo, e evitar perder mandato por desrespeito às regras da competição eleitoral, em sí.

Tenho dito. Boa sorte na disputa.

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