Na ordem do dia da discussão política está as questões que envolvem a candidatura Lula, ou não, à presidência da república. Parece que existe consenso de que Lula é a principal expressão política brasileira desde a redemocratização brasileira de 1985. Hoje o dilema envolve a possível condenação de Lula em segunda instância pela justiça federal, o que a priori o tornaria inelegível para as eleições de 2018.
Em pesquisa recente divulgada pelo Data Folha mapeou-se o destino dos eleitores de Lula numa eventual impossibilidade de Lula vier a disputar as eleições presidenciais de 2018 no Brasil. Verificou-se que 1/3 dos eleitores de Lula votariam em um candidato indicado por Lula, 1/3 migraria para a candidatura Bolsonaro e outro terço final se transformaria em eleitores flutuantes, ou seja, votos sem direção definida.
A primeira conclusão óbvia a que chegamos é de que Lula ocupa em 2/3 das probabilidades um espaço majoritário dentre o eleitorado mediano, em outras palavras, o eleitor mediano não se guia por partidos ou ideologia. O eleitor mediano brasileiro se localiza no centro conservador na sociedade brasileira e é pragmático e grato ao bem feitor.
O eleitor mediano corresponde aproximadamente em 90% do eleitorado e transversaliza todas as classe sociais, todos os níveis de escolaridade, todos os sexos e todas as faixas etárias. Daí ouvirmos nas redes sociais expressões deprimidas, do tipo: “só no Brasil é que temos pobres que votam na direita”. É óbvio que não é somente no Brasil que este fenômeno ocorre.
A grande questão que está colocada para os analistas de política eleitoral é: num provável impedimento jurídico da candidatura Lula qual o destino deste eleitorado? Hoje eu diria, 1/3 destes votos irão para onde Lula apontar, como 1/3 tende a ir para outro candidato competitivo, pode-se dizer que estaria disponível uma parte do último terço de eleitores flutuantes que votam em Lula. Dito de outra forma, caso o candidato de Lula tenha o perfil centrista e com apoio de máquinas partidárias, este candidato poderia passar ao segundo turno.
Portanto, não podemos afirmar a priori que a eleição se polarizará no Brasil entre um lulista e um não lulista. Esta assertiva poderia se concretizar se o candidato de Lula não fosse um petista e nem um esquerdista. Para o candidato de Lula chegar ao terço flutuante mediano conservador, este candidato teria de ter um perfil como de Roberto Requião ou coisa análoga.
Caso Lula lance um candidato petista, ou com perfil, hoje, de esquerda como Ciro Gomes, eu diria que este candidato seria muito forte, mas as eleições não se bi polarizariam, mas sim, provavelmente se tri polarizariam, entre um candidato de centro, um candidato de esquerda e um candidato claramente de direita, e os finalistas seriam conhecidos a partir de um primeiro turno muito disputado. Neste cenário de tri polarização caso o candidato lulista passasse ao segundo turno, suas chances de vitórias seriam menores frente à um candidato de centro direita e maiores frente a um candidato de direita.
Eu diria que, caso Lula lance um candidato de centro, competitivo, teríamos grande chance de vermos as eleições polarizadas entre um candidato lulista e um outro candidato de centro ou de direita, mas que tenha forte apelo ao centro, ou seja, alguém que fuja do discurso extremista, Quem for para o extrema perde potencial de disputa, pelas características estruturais do eleitor mediano brasileiro.
Caso Lula venha a disputar as eleições presidenciais, Lula passa a ser favorito, inclusive sua vitória seria mais fácil em primeiro turno. Um segundo turno, mesmo com Lula, a eleição ficaria mais indefinida, devido a grande polarização ideológica, artificial que seria forjada pela candidatura de centro direita ou de direita.
Tenho dito.