O controle inflacionário e a queda dos juros, apontam para uma agenda que em muito favorecerá quem souber surfar na onda da insegurança e da corrupção que vem dominando a atenção popular nos últimos 3 anos no Brasil. Assim, muitos políticos medíocres estarão “travestidos” de Santos e Xerifes, mesmo que na realidade não passem de hipócritas.
Não há dúvidas de que os temas que mais interessariam aos setores mais pobres da sociedade, que perfazem 50% da população referem-se à desigualdade social, funcionamento dos serviços públicos nos municípios, aí compreendidos: saúde; educação; segurança; saneamento e geração de emprego e renda.
Não tenho a menor esperança de que no contexto de um congresso nacional de centro direita (70%) venha a emergir uma agenda pública centrada na distribuição de renda, na construção de um novo pacto federativo em favor dos estados mais pobres do nosso país e numa reforma tributária em favor dos municípios. No contexto de Ditadura ou de Democracia esta realidade jamais foi alterada no Brasil.
Portanto, falar em melhorar a vida do nosso povo, só será possível se o governo federal se coligar aos governos estaduais e municipais em torno de uma agenda agressiva para fazer com que emerja nos municípios brasileiros, especialmente no norte, nordeste e centro-oeste milhões de micro e pequenos empresários e prestadores de serviços urbanos e rurais.
Claro, esta iniciativa se inscreve no entorno de uma política nacional de geração de emprego e renda tendo como ponto de partida uma política creditícia, uma política de apoio à qualificação dos futuros empreendedores e iniciativas que ajudem na circulação destes produtos em nível estadual, nacional e internacional. No Pará, em cada microrregião existe diversas potencialidades econômicas a serem evidenciadas e apoiadas.
Isto posto, creio que os candidatos e partidos que lutem pelo enriquecimento do povo brasileiro em sentido amplo, não podem ficar “escravos” da agenda midiática que vem inserindo na percepção popular a noção de que a insegurança e a corrupção sejam a bandeira central da próxima corrida eleitoral e como tal, do próximo governo.
Mas esta batalha não é fácil. Os candidatos vinculados a abordagem oportunista da agenda política tenderão a mergulhar no discurso moralista e na barbárie das soluções simplistas para os complexos problemas que estão em torno da violência que vem assolando a nossa sociedade local e nacional.
Mas se é verdade de que os problemas centrais do Brasil estão relacionados à desigualdade social, à falência dos serviços públicos e `falta de oportunidades de emprego e renda na esfera local, é verdade também, que ser honesto é pressuposto para assumir qualquer cargo público. Daí, de que os candidatos a cargos majoritários que estejam claramente vinculados a denúncias formais de envolvimento com escândalos de corrupção terão enormes dificuldades em prosperar no Brasil no contexto da Ficha Limpa e da Operação Lava Jato.
As últimas pesquisas estaduais que tive acesso indicam que mais de 60% do eleitorado não pretende votar em candidatos ao governo do estado que estejam denunciados pela operação Lava jato. Esta rejeição transversaliza escolaridade; faixa etária; religião; renda; sexo e regiões de moradia.
Portanto, ser um candidato denunciado na Operação Lava Jato, criará enorme dificuldade para qualquer candidato a cargos majoritários, seja ele, a presidente, governador ou a senador.
Para as eleições proporcionais, deputados federais e estaduais, esta realidade fica um pouco mitigada pela forma como estes políticos são eleitos. A população vota em centenas de candidatos às assembleias legislativas e câmara dos deputados e não tem instrumento de veto eleitoral destes candidatos. Somente uma campanha bem elaborada nas redes sociais poderiam ter boa influência no eleitorado, notadamente, o eleitor urbano das grandes cidades que têm mais acesso à internet.
Cabe aos candidatos e partidos comprometidos com uma agenda de transformações estruturais para a realidade de nossa população que tragam ao debate público temas centrais para a mudança de vida de nosso povo. Logicamente, em disputa eleitoral as potencialidades e as fraquezas de cada candidato majoritário serão exploradas.
Assim, quem estiver denunciado por corrupção estará em extrema dificuldade eleitoral. Por outro lado, esta eleição quer renovação política, o eleitor claramente tenderá a passar ao largo de políticos “manjados”. Portanto é uma eleição que promete trazer muitas novidades para nas disputas para o senado e para os governos estaduais e federal.
Mas as disputa eleitorais funcionam como um mercado. Ou seja, o povo está propenso a votar em novidades políticas, mas se na “prateleira” da escolha eleitoral só forem ofertados políticos profissionais e candidatos sem potencial de disputa, então o eleitorado se voltará para escolher o menos ruins, e optará por aquele que for considerado competitivo e que represente uma alternativa menos corrupta.