Ao longo dos estudos e pesquisas no campo das ciências sociais e em especial da ciência política foram buscados diversos modelos explicativos para os fenômenos sociais e políticos. Existem modelos que explicam as causalidades sociais como sub produto das relações econômicas (estruturalismo). Outros modelos enxergam a sociedade como um grande sistema compostos por subsistemas articulados entre sí (funcionalismo). Temos modelos que explicam os fenômenos sociais e políticos como resultados de causas principais e secundárias (sociologia tocquevilleana). Assim como, há escolas teóricas que explicam o jogo social e político como resultado de múltiplas interações sociais (sociologia weberiana), e assim por diante.
Existe também uma escola que explica os jogos sociais e político como resultado das escolhas racionais dos indivíduos em uma sociedade democrática (teoria da escolha racional). Para esta escola, os indivíduos são capazes de reconhecer as diversas alternativas presentes numa disputa política. Estes individuo racionais seriam capazes de hierarquizar estas alternativas com base em seu interesse pessoal, e com base nesta hierarquia poderia realizar suas escolhas eleitorais.
Trabalharei neste breve texto, com as perspectiva da escola da teoria da escolha racional, para fazer um breve ensaio sobre a disputa eleitoral que se avizinha em 2018 no Pará. Nesta perspectiva teórica, as eleições se configuram num grande mercado eleitoral, onde: os eleitores são vistos como os consumidores políticos. Os produtos a serem oferecidos seriam os candidatos e seu programa de atuação.
Portanto, os consumidores (eleitores) só poderão realizar suas análises e escolhas eleitorais dentre os produtos (candidatos e programas) ofertados no mercado eleitoral. Portanto, o consumidor é constrangido inicialmente a realizar suas escolhas dentre os produtos ofertados no mercado em questão.
Usando uma metáfora, se você vai ao mercado comprar carne bovina e só encontra vísceras (bobó, tripas, fígado e rim por exemplo), você jamais poderá comprar alcatra ou filé. Então você neste contexto, só poderá escolher dentre os produtos ofertados ou se abster de comprar este produto. Note bem, você não tem alternativa de comprar outro produto alimentício, neste contexto descrito.
É como funciona numa disputa eleitoral. Nas eleições de 2018 você poderá encontrar candidatos do PMDB, da coalizão que a poia o PSDB no governo, do PT, e outros candidatos de partidos nanicos. Você terá de escolher dentre estes candidatos. Mesmo que você não encontre um candidato honesto e com densidade eleitoral estadual suficiente para desafiar com probabilidade de vitória, os candidatos das coalizões de centro direita do PMDB e do PSDB, você terá de escolher somente dentre os candidatos destes partidos, num eventual segundo turno, ou se absterá/anulará seu voto.
Neste momento no Pará, tudo leva a crer que a centro esquerda não se unificará em torno de um candidato, do tipo Edmilson Rodrigues, Úrsula Vidal. Muitos partidos de esquerda como o PSOL, está apostando estrategicamente numa construção baseado em voo solo com receio de vir a ser confundido com o PT. Todos sabemos que o PT, PSDB e PMDB ainda sofrem um violento desgaste, como resultados dos escândalos de corrupção recente que vem sendo investigado pela operação Lava Jato.
Isto posto, acredito que existe uma grande tendência da esquerda vir a disputar as eleições de 2018 no Pará dividida. Caso esta tendência venha a se confirmar, o mercado eleitoral paraense ficará inevitavelmente, num eventual segundo turno, frente à duas alternativas de centro direita (coalizão do PMDB-Jáder e do PSDB-Jatene) , nas disputas governamentais de 2018 em nossa unidade federativa.
Em todas as quatro pesquisas que realizei no mercado eleitoral detectei que o eleitorado clama por uma candidatura ao governo alternativa ao bloco do Jáder, do Jatene, mas que tenha densidade eleitoral, seja honesto e que tenha coalizão política o suficiente para disputar uma passagem ao segundo turno. Este nome poderia ser tanto Edmilson Rodrigues com chances reais, ou Úrsula Vidal, com menos chance, mas com um enorme potencial de vencer as eleições na região metropolitana, no contexto de uma aliança de centro-esquerda (PSOL/Rede/PT/PDT,PSB/PC do B/PV/PMN/PPL).