Estive neste final de semana em Cametá. O Prefeito Irácio, meu vizinho na Ilha de Cuxipeari no arquipélado de Cametá foi me visitar e me narrou a situação daquele município.
O governo Valdolí deixou o município desequilibrado na relação receita despesa. Quase todas as secretarias funcionam em prédio alugado. Até o local onde o lixo é depositado a prefeitura paga aluguel mensal de 6 mil. Noventa por cento dos bairros são desprovidos de saneamento básico. Há carência de médicos nas ilhas e vilas.
Somente neste mês é que a merenda escolar está sendo regularizada. O governo Valdoli deixou Cametá inadimplente com o governo federal. O IPTU tem arrecadação irrisória. Enfim, Irácio encontrou o caos instalado. Todos os computadores com memória orçamentária tinham desaparecidos.
A realidade de Cametá é uma amostra de pelo menos 100 prefeituras no Pará. O prefeito além de gestor tem de ter a capacidade de correr atrás de convênios estaduais e federais, ter forte aliança com deputado estadual e federal: eis o caráter governista dos prefeitos no norte, nordeste e centro-oeste do Brasil, ou seja, por causa de recursos os prefeitos preferem aderir aos governos de plantão do que ficar fiel ao seu partido de origem.
Só tem uma saída para estes prefeitos: informar a população do que está ocorrendo, criar mecanismo de governança municipal para construir apoio majoritário na sociedade e lutar intensamente por uma reforma tributária em direção aos municípios.
Recomendação: ser prefeito em município pobre é o caminho mais curto ao cemitério político. Mas parece que a maioria dos prefeitos chega à prefeitura com objetivos, que seguramente, não são os interesses da coletividade, daí a luta incessante pelo cargo de prefeito nestes municípios.
Enquanto isso, o cidadão que vive no interior, e são 2/3 da população do Pará, sofrem com ausência de Estado na esfera municipal.