Quem acompanhou os protestos recentes no Brasil percebeu que a maior parte das palavras de ordens, faixas e cartazes se concentraram na denúncia do caos urbano: mobilidade urbana, saúde, educação, segurança, crise de representação e corrupção.
Quem, apressadamente se apresentou como porta voz de todas as esferas de governo foi a presidente Dilma. Com este comportamento a presidente absorveu todo o impacto dos atos públicos, enquanto isso, governadores e prefeitos, como avestruz, meteram a cabeça na areia e fizeram de conta que nada daqueles atos se referiam a eles.
As últimas pesquisas de opinião comprovam que a presidente acumulou um grande desgaste político nas últimas semanas que coincidem plenamente com a passagem das grandes mobilizações populares no Brasil.
Ora, é de se esperar que todos os governantes estaduais e municipais, devam também estar navegando nos mares turvos da impopularidade como consequência do grito indignado do povo brasileiro contra a falência dos serviços públicos. Não sei o porquê dos institutos de pesquisas não estarem medindo a popularidades destes governantes, pelo menos dos governadores e dos prefeitos das grandes cidades.
Creio que o governo federal deve imediatamente socializar a responsabilidade pela falência dos serviços públicos com todos os governantes, nas esferas estaduais e municipais do Estado brasileiro. Afinal, quem é que administra os serviços de transporte, saúde, educação e segurança?
Algumas das ações estratégicas do governo federal já foram sinalizadas como: pré-sal para educação, plano de mobilidade urbana e reforma política. Creio que falta ao governo federal sinalizar com duas outras reformas institucionais: tributária e do judiciário, para torná-lo mais ágil.
Creio que a melhor ação que a presidente Dilma deveria ter tomado no momentos dos grandes atos, como forma de socializar responsabilidades pela falência dos serviços públicos, deveria ter sido a convocação de uma macro reunião com os governadores, ministros, prefeitos das capitais e lideranças do governo e da oposição no congresso nacional com a finalidade de realizar um grande diagnóstico da situação e virem a assumir proposições coletivas para enfrentar aquela conjuntura de mobilizações.
Em síntese, a assessoria política da presidente cometeu um enorme pecado ao assumir apressadamente o ônus da falência dos serviços públicos no Brasil.