Lembro como se fosse hoje quando começamos na UFPA, no início da década de 1980 a participar ativamente da luta pela redemocratização do Brasil, num contexto de crise econômica ascendente, reforma universitária, de 1971, fracassada e um rígido controle dos movimentos sociais e políticas por parte da Ditadura Militar.
É neste contexto, que mais uma vez, professores, estudantes e técnicos das universidades federais saem as ruas, fazem greves e ousam levantarem-se contra a repressão política, fazendo coro vigoroso com o nascente movimento operário da região do ABC paulista.
A luta pela redemocratização assumiu concretude dentro das sucateadas universidades federal. Assim começou-se a lutar por eleições diretas para reitor. A Universidade Federal do Pará foi a primeira, do Brasil, a utilizar mecanismos de consulta direta na definição da lista sêxtupla que foi enviada ao presidente Sarney em 1985. Seixas Lourenço, naquela eleição, venceu nas categorias estudantil e dos técnicos administrativos, em que pese seguir como segundo da lista, devido às regras eleitorais que beneficiava o voto docente. Lourenço acabou nomeado. Na época eu era liderança sindical dos técnico-administrativos da UFPA.
Desde 1984 os mecanismos de consulta direta à comunidade vieram aperfeiçoando-se. Na UFPA passamos pelo voto proporcional, universal. Concluímos, depois de 5 eleições consecutivas que a fórmula eleitoral que garantia uma consulta madura, representativa e eivada de plena legitimidade era o voto paritário, onde cada categoria tem o peso de 33% na definição do peso no colégio eleitoral.
Neste período duas categorias se debatiam na busca de um peso eleitoral específico: os estudantes queriam o voto universal e os docentes queriam o voto proporcional com peso de mais de 60% para si. A Lei federal veio a conceder maior peso aos docentes na proporção de 70% do colégio eleitoral e 30% destinados a estudantes e funcionários técnicos-administrativos.
Na UFPA e em quase todas as universidades federais do Brasil, estudantes e técnico-administrativos fecharam um acordo em torno do voto paritário e passaram a pressionar o Conselho Universitário em busca de um peso equânime entre as três categorias que compõem as universidades federais. A conquista foi imediata, os candidatos, com receio de desgaste, fecharam com a consulta paritária, e hoje o MEC respeita a lista que emerge das consultas dentro das universidades.
Nas eleições da UFOPA está se discutindo o peso de cada categoria no colégio eleitoral desta universidade. Tomei conhecimento que há um grande esforço do sindicato docente em convencer os técnicos em apoiar uma fórmula eleitoral que dê 70% de peso aos professores, ou seja, que se aplique o que está escrito na lei federal.
Devo informar aos técnico-administrativos da UFOPA, que foi a fórmula do voto paritário que deu visibilidade administrativa, acadêmica e política aos técnicos das universidades federais. Hoje temos cursos de pós-graduação strictu senso com gratificação de 50% e 75% em caso de mestrado e doutorado ao corpo administrativo das universidades federais.
Portanto, sugiro, peço, oriento que a base dos técnico administrativos da UFOPA “abortem” em assembleia geral qualquer acordo espúrio que o SINTUFOPA venha a fazer com o sindicato docente que venha a diminuir a presença política e eleitoral dos técnicos nas eleições para a reitoria da UFOPA. ACORDO contra os interesses históricos da categoria técnico-administrativa é TRAIÇÃO inominável, deve ser repudiado e derrotado em assembleia geral e a direção do sindicato deve ser destituída, caso este acordo espúrio venha a se confirmar.