Dois  grandes blocos de poder disputarão as eleições de 2014 no Pará. O bloco governista comandado pelo PSDB e o bloco oposicionista, comandado pelo PMDB. Caso não surja  terceiras candidaturas com potencial de 10% de votos, a eleição poderá se decidir, de forma inédita, no primeiro turno.

O governador do estado conta a seu favor com a máquina do governo estadual, que sozinha, tem potencial limitada para atingir todos os  centros urbanos das microrregiões, capazes  de produzirem  uma imagem favorável da ação do governo  perante a  maioria do eleitorado.

Parece-me que o governo tenta construir grandes marcas positivas, com uma ação quadrilateral  em  áreas  essenciais, como:  as obras viárias da região metropolitana, o amplo serviço de revitalização das grandes rodovias estaduais, a construção e revitalizações de hospitais nas microrregiões e na região metropolitana  e finalmente, produzir resultados  favoráveis, palpáveis,  nos indicadores de criminalidade, principalmente na capital.

Por outro lado a oposição, coordenada pelo PMDB espera contar com o apoio decisivo da máquina federal como contraponto para fazer frente à ação da máquina estadual. A oposição conta essencialmente com a estratégia política e midiática capaz de trazer à tona as áreas “descobertas” pela ação do governo tucano. Sem dúvida, podemos concordar que 2/3 do estado não será coberta com a ação quadrilateral do governo Jatene. E, será neste interstício que a oposição deverá atuar.

O PMDB vem agindo furtivamente através de ações concertadas e de forma estratégica  em todas as regiões do Pará: nas região metropolitana vem desconstruindo o discurso realizador do governo e aprofundando o desgaste de Jatene  nas regiões sul, sudeste e oeste do Pará. A ação do partido conta, de forma central com duas iniciativas  estratégicas: a ação dos parlamentares estaduais e federais pelo estado, e a ação devastadora do grupo RBA através da ação midiática que infla, perante os olhos do eleitorado,  a ausência de governo nas periferias da região metropolitana e por todo o interior do estado.

Caso me perguntassem hoje quem ganharia a disputa, eu responderia: o jogo ainda está nebuloso. Logo eu, que,  como analista sempre parto do pressuposto de que,  o governante sempre é um osso duro de roer, vide a ex-governadora Ana Júlia, que apesar de registrar  rejeição de 60% um ano antes das eleições de 2010, chegou ao segundo turno com 44% dos votos. E hoje o governador Jatene está há anos luz melhor do que Ana Júlia em seu ultimo ano de governo.

Não considero Jatene favorito, desde já, por causa da ação concertada que toda oposição deverá ter, desde o primeiro turno das eleições, sem falar do perfilhamento total do poderio midiático do PMDB na desconstrução do discurso governista em torno dos principais problemas do estado. Além, do “cerco” que o governo federal vem fazendo sobre o governo tucano no plano estadual e no governo de Belém.

Caso a oposição centre seu poderio bélico nas regiões onde se nota ausência de governo e mostre competência em desconstruir o discurso realizador do governo tucano, aí os governistas perderão sua capacidade de se tornar favorito nesta disputa vindoura. Creio que esta será a disputa mais dura, desde 1982 para o governo paraense. Lembremos: O ciclo do PMDB no governo do Pará encerrou-se com a eleição de Jáder em 1990. Parece que a roda da alternância poderá se fazer presente em 2014  frente ao iminente terceiro governo de Simão Jatene no Pará.

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