Marina rompeu com o PT devido a divergência em torno do divórcio concreto entre desenvolvimento e a questão ambiental. Marina rejeitou as mediações que o governo Lula e Dilma vêm fazendo frente a temas como construção de hidroelétricas e a convivência com culturas devastadoras como Soja, cana de açúcar e dendê.
Marina começou a construir um novo partido para o Brasil chamado Rede de Sustentabilidade. Marina e seu grupo ensaiaram um discurso articulado em todo de UMA NOVA POLÍTICA tendo como cerne a crítica ao pragmatismo político e a oligarquização dos partidos tradicionais. Na sexta feira (04) o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou a legalização deste novo partido.
A Rede de Sustentabilidade está para Marina como o PT está para Lula, ou seja, sem Lula o PT fica muito pequeno nas macro disputas nacionais. A diferença entre Marina e Lula, é que este é a maior liderança carismática da história do Brasil conseguindo o feito único de ter eleito um poste como presidente, a atual presidente da república. Marina nunca disputou uma eleição para o executivo, ou seja, ainda não provou capacidade executiva.
Após a fatídica decisão do TSE, Marina tinha três opções políticas: desistir de participar das disputas eleitorais para presidente, emprestar uma legenda para encabeçar ou, como parece que foi decidido, optar por não concorrer a presidente e vir a apoiar um outro candidato, no caso Eduardo Campos do PSB.
Caso não haja um acordo secreto entre Eduardo Campos e Marina Silva com vista a sair candidato aquele que chegar em melhores condições eleitorais em junho de 2014, creio que Marina e a Rede podem ter cometido um erro histórico de avaliação política, senão vejamos:
1-O PSB não trás nada de novo à política nacional, ou seja, este partido é mais um ator pragmático na política brasileira. No plano federal apoiava até a semana passada o governo Dilma e no plano estadual é base do governo Jatene, do PSDB. Nada contra o pragmatismo, o que se deve evitar são os exageros. Afinal no Brasil, partido não passa de legenda para servir de ponte ao executivo e ao legislativo.
2-Os sustentabilistas da Rede deviam saber que os vinte milhões de votos que Marina conquistou em 2010 é, acima de tudo, patrimônio pessoal. O povo quer saber quem é o candidato a presidente. Vice não conta no presidencialismo brasileiro. Ou seja, não creio que Marina consiga transferir estes votos a Eduardo Campos, em primeiro turno, numa disputa presidencial. No máximo Marina conseguirá levar a Campos 10% deste montante obtido em 2010. Quem herdará a maioria dos eleitores de Marina será, provavelmente, Aécio Neves. A próxima pesquisa presidencial já deverá revelar esta tendência.
3-Marina, desde as eleições 2010, já vinha demonstrando intolerância com o governo petista. O eleitorado captou esta tendência, votou nela em primeiro turno e no segundo, votou por maioria e optou pelo candidato tucano Serra. Portanto, o voto da Marina é oposicionista, mas não pela esquerda, mas pelo centro.
4-Entre o PSB e o PPS, quem vem demonstrando mais coerência política? Sem dúvida nenhuma é o PPS, que está na oposição ao PT desde 2004. Portanto, os ex-comunistas são menos pragmáticos do que o PSB, de Eduardo campos. Ao final das contas, tudo indica que Campos e Aécio estarão juntos contra o PT, num eventual segundo turno em 2014.
5-Ao concluirmos que a opção de Marina e da Rede, foi acima de tudo um malabarismo político para tentar evitar a pecha de pragmáticos, entendo que a ação prática não conseguiu evitar esta imagem política. Marina para ser coerente deveria ter optado por um partido de oposição ao PT, pela esquerda e não pela centro-direita. E num eventual segundo turno se alinhar ao PT. A opção de Marina pela neutralidade no segundo turno em 2010, já sinalizava um giro mais a direita. A Rede não trabalha mais com os conceitos de Direita e Esquerda, é por isso que os mesmo parecem cometer enormes incoerências políticas, como assistimos neste momento.
6-Caso Marina optasse, de antemão por emprestar uma legenda para disputar a presidência, não deixaria de ser uma ação pragmática, porém seria plenamente justificada pela decisão do TSE. Marina estaria no epicentro da política brasileira, nas disputas presidenciais de 2014. Agora, decidir apoiar outro candidato menos cotado, parece mais um ato de devaneio político do que uma ação anti-pragmática. Marina deixará de ser grande protagonista na política brasileira. A não ser que aconteça o improvável, Campos abra a mão da disputa presidencial em favor de Marina Silva.
7-Creio que Aécio assumirá o segundo lugar nas pesquisas presidenciais e deverá ser o grande protagonista das oposições no Brasil. Mas, como existiu o junho de 2013, tudo pode acontecer...Como disse o grande filósofo de esquerda: tudo que é sólido desmancha no ar.