Segundo informações bastante confiáveis o governador Jatene renuncia no dia 31 de março. Apesar das especulações em torno da motivação desta tomada de decisão, não é difícil derivar as consequências a partir da construção de cenários imediatos.

Cenário 1- Jatene  renunciará porque sempre questionou o instituto da reeleição. Para dar coerência ao seu discurso, disputará a reeleição fora do cargo, como fez o governador Covas , recentemente, em São Paulo.

Cenário 2- Jatene poderá disputar cargos proporcionais como deputado federal e estadual.

Cenário 3- Jatene disputará o senado pelo PSDB. Este cenário demandaria um macro acordo com Mário Couto, atual detentor desta vaga.

Uma coisa parece certa: Jatene estará na disputa vindoura, caso contrário, ficaria no mandato até 31 de dezembro de 2014.

Com este lance político  Jatene atinge pelo menos dois objetivos:  1- cria uma nuvem cinzenta  em torno da estratégia do PSDB para as disputas majoritárias, e 2- Deixa a oposição em dúvida sobre o centro de sua estratégia de combate.

Qual minha opinião sobre esta “mexida”  de pedra do governador Simão Jatene?

No meu ponto de vista, esta estratégia sinaliza fraqueza inicial, uma vez que, todos sabem que Jatene é o candidato mais competitivo do PSDB,  num  contexto da revolta do centavos de 2013 e da falência dos serviços públicos básicos. O PSDB sofrerá o ônus de ter governado o estado pelos menos 16 anos  dos últimos 20. E ao fato de Jatene  estar indo para um possível terceiro mandato.

Em consequência do contexto de continuísmo tucano no Pará, existe uma variável psicológica de difícil mensuração objetiva que deverá se expressar na competição de 2014 que  é o desejo genérico de produzir mudanças na elite governante. A oposição deverá se aproveitar deste contexto para cunhar palavras de ordem como: vote no fim da “panelinha”  que governa o Pará há vinte anos. Assim, a roda da alternância poderá  emergir na vontade popular: e isto será trágico para os objetivos eleitorais  tucanos de 2014.

Creio que Jatene, a partir de sua  “mexida” tática nas pedras do jogo poderá  ganhar tempo, enquanto o  tucanato paraense  busca  encontrar mecanismo para minimizar uma possível perda da candidatura Jatene à reeleição em 2014.

O vice-governador Helenilson Pontes, os senadores Mário Couto e Flexa Ribeiro e o prefeito Pioneiro vêm sendo lembrados como possíveis alternativas tucanas  para a disputa governamental de 2014, caso Jatene desista de concorrer ao cargo de governador.  Todos estes nomes, apesar de possuírem referências públicas, não têm o potencial competitivo do governador incumbente.

Enquanto isso a massa populacional ameaça não perdoar governantes que não deem respostas objetivas, imediatas e eficazes para os problemas de mobilidade urbana, assistência á saúde em suas várias dimensões e ofereça um combate visível e  competente aos homicídios , roubos e furtos nos centros urbanos do estado. A última pesquisa do IBOPE revelou a reprovação popular de 23 de 26 governadores pesquisados.

Nesta conjuntura política e eleitoral, parece que o povo debitará na conta dos governadores tudo que houver de errado com o funcionamento dos serviços  públicos básicos. Não está  adiantando  asfaltar, construir ou produzir novos serviços, se estes não estiverem resolvendo os problemas de funcionamento dos serviços públicos básicos.

Mesmo que os serviços estejam  municipalizados, a população parece que chegou a um ponto máximo de stress político e está responsabilizando a figura máxima dos estados, que é o governador.  Creio que os estrategistas políticos e  os marqueteiros terão muito trabalho para melhorar a imagem do governante neste contexto negativo.

Agenda política para desobstruir os olhos e os ouvidos da população para os resultados da gestão de governo:

Na saúde:  além do funcionamento de hospitais, o governo deveria, necessariamente intervir no curtíssimo prazo para que  a Estratégia Saúde da Família deixasse de ser um “fantasma” institucional e passasse a funcionar concretamente. O governo deveria  induzir os municípios a garantir eficácia e eficiência nos serviços na ESF e nas unidades básicas de saúde.

Na segurança:  estabelecer a meta de reduzir em 90 dias,  50% o número de homicídios nos centros urbanos do estado: o governador deveria se apossar do mapa do crime e radicalizar a lei seca, a partir da meia noite nas zonas vermelhas. Fechar todas as bocas de drogas. Instituir alianças com as guardas noturnas, condomínios e comunidades organizadas para que comandos móveis fossem rapidamente acionados em caso de ataque criminosos à população. Estabelecer um pacto com a justiça para que fosse negado habeas corpus aos comandantes dos crimes organizados.

Na mobilidade urbana:  conclusão das obras em curso na região metropolitana. Em 120 dias deveria começar  a funcionar o metrô aquático em Belém, qual seja, desviar a população que se dirige à UFPA, Ver-O-Peso, e bairros circundantes à orla de Belém para barcos velozes articulados por portos e bilhetes únicos. Cinquenta por cento da população de Ananindeua trabalha em Belém. Com isso teríamos um desafogo na Almirante Barroso e Pedro Álvares Cabral. E a população faria em 20 minutos um trajeto marítimo que hoje demora pelo menos 90 minutos através de ônibus.

Tenho dito.

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