Todos os leitores já perceberam que como cidadão, tenho minhas preferências. Sou radical defensor do Estado constitucional e democrático. Acredito no papel da sociedade civil militante. Admito mudanças mais difíceis, como no conteúdo da propriedade, desde que as pressões sejam canalizadas para o Estado. Enfim. Hoje me classifico como um convicto social democrata. Rejeito Estado de fato, em sua versão direitista (fascista) ou esquerdista (socialismo do Leste e seus satélites).
Meu comportamento não se pauta por posições que mais se parecem com o confronto situação versus oposição. Esta é uma posição de partidos e seus satélites na mídia e na sociedade civil organizada. Meus posts buscam, com base em informações confiáveis, construir o cenário da disputa e os argumentos e as estratégias dos contendores políticos. As tendências que vão surgindo no curso dos fatos e análises indicam probabilidade de vitória ou derrota. Aí que o “bicho” pega para o cientista: quem surge com tendência de vitória fica feliz e reforça os pontos de vistas. Quem surge com tendência de derrota busca descredibilizar o cientista.
Recentemente, em outubro, publiquei uma enquete, em que Helder parecia empatado com Jatene, com leve tendência em prol dos ex- prefeito de Ananindeua, foi o suficiente para eu ser carimbado de “vendido aos barbalhos”. Logo depois saíram outras pesquisas, incluindo a do CNI/IBOPE que confirmaram as tendências de minha enquete.
Mas eu sempre soube que é este o jogo da disputa eleitoral no Pará. Não tenho dúvida, depois das eleições, PMDB ou PSDB, ambos saberão como coexistir no cotidiano das relações entre os poderes executivo e legislativo. Afinal, as regras do jogo pressionam pela negociação, coalisão legislativa, sobrevivência partidária num contexto de ausência de implantação social dos partidos que surgiram dentro do parlamento e que são divorciados de sindicatos e outros movimentos sociais.
Mas vamos às últimas tendências das disputas:
Creio que a oposição já está alinhada e definida para a disputa de 2014. A aliança PMDB/PT está avalizada a partir do palácio do planalto. O PT vem demonstrando clareza estratégica, na medida em que definiu que o centro de sua ação racional é a manutenção do governo federal em 2014. Já o PMDB exige que a estratégia seja de mão dupla: onde o PT é mais forte, o PMDB apoia. Onde o PMDB for mais forte, que o PT o apoie.
Neste momento, estamos assistindo uma batalha entre fatos e mídia. De um lado o governo Jatene e o PSDB apresentam suas ações e resultados e o PMDB e a oposição, através da ação parlamentar e dos meios de comunicações, buscam desqualificar estes resultados, enfim: está havendo uma disputa em torno dos fatos e notícias. Este é uma típica ação de guerra de posição. Mas que não é nada estranho para uma disputa democrática.
Por outro lado, o governo Jatene vem desenvolvendo estratégias que visam retirar do foco central a figura do governador Jatene e do PSDB. A veiculada informação da desincompatibilização do governador no dia 31 de março vem criando dúvidas sobre quais são as reais intenções estratégicas de Jatene.
Algumas clarezas se apresentam em meu ponto de vista. Caso Jatene se desincompatibilize e não venha a concorrer ao governo do estado, as possibilidades de vitória da oposição se ampliam. Caso Jatene continue no cargo e venha a apoiar um candidato do PSDB, as chances também ficam em suspenso, afinal, será que Jatene faria política com prefeitos, deputados e membros de grupos da sociedade civil em prol deste candidato? Jatene abriria as torneiras de obras e investimentos nos municípios? Parece-me que já não há tempo de licitar e fazer grandes obras nesta altura do campeonato, nos municípios paraenses.
Lembro que o Dr. Almir, 18 meses antes de qualquer pleito, definia três obras de visibilidade em cada municípios e as executava. O objetivo era claro: reforçar a autoridade do prefeito aliado e fazer obras que permitisse ao governador e seu candidato terem um discurso para apresentar ao eleitorado municipal.
Caso o governador venha a apoiar a candidatura do vice governador Helenilson Pontes, creio que o PSDB e a candidatura Aécio Neves estarão quebradas no Pará. E isto os tucanos paraenses não permitirão passivamente. Mas, eu ainda creio que outra jogada ainda pode estar sendo “dado” neste complexo jogo de vários lances. Qual seria?
Seria que todo o jogo estratégico da noticiada retirada do governador do cenário político, não passasse de uma sofisticada estratégia política que visasse unificar o PSDB do Pará, os prefeitos, deputados, e até o PSDB nacional em torno de um apelo: “fica Jatene”. Aí o governador ungido por todos, aceitaria ser candidato.
Não acredito em vitória fácil da oposição. Caso Jatene se desincompatibilize, não venha a se candidatar ao governo e deixe o governo nas mãos de vice, Helenilson Pontes, ainda assim o jogo fica nublado. Helenilson sairia à reeleição. O PSDB lançaria candidato próprio, apoiado pelos prefeitos Pioneiro, Zenaldo e Von. O PSB lançaria a candidatura de Sídney Rosas. Neste universo de quatro candidatos: Helenilson, PSDB, Rosas e Helder, haveria enormes probabilidades de termos o segundo turno.
Creio que Helenilson teria enormes dificuldades de alçar voo, pois é pouco conhecido da população. Ou seja, as chances do PSDB estar no segundo turno seriam enormes. Assim Helder enfrentaria num eventual segundo turno três forças políticas que emergiriam no processo eleitoral: O PSDB, Rosas e Helenilson.
E para finalizar, creio que o PSDB terá, sim, candidato, e que este candidato será Jatene, ou um deputado, prefeito ou senador. Não descarto a possibilidade de Aécio Neves comandar uma negociação nacional que leve Jatene à candidatura ao senado. Mário Couto à Câmara dos deputados e Pioneiro, Flexa ou Nilson Pinto como alternativas tucana ao governo do estado. Neste cenário, Helenilson Pontes estaria apoiando o candidato do PSDB ao governo do estado. O jogo, também, ficaria indefinido, a priori,