A presidente Dilma encontra-se nos piores dos mundos: de um lado temos a oposição que busca estrategicamente fazê-la sangrar ao máximo possível,  combinando a quebra de sua legitimidade eleitoral devido ao choque  liberal moderado na economia com o ataque moral vinculando-a politicamente ao PT e ao escândalo do petróleo. Enfim, a oposição cumpre seu papel de fustigar o governo.

Já os apoiadores da presidente Dilma, capitaneados pelo movimento dos trabalhadores sem terra-MST  vão às ruas, realizam atos públicos, reafirmam o apoio aos resultados das eleições presidenciais de 2014, mas condicionam este apoio se Dilma abandonar os tarifaços e o corte dos gastos sociais.

Num País civilizado nas relações políticas, a oposição  deve funcionar como governo paralelo, onde para cada crítica nas tomadas de decisão do governo, a oposição deveria contra atacar com uma proposta alternativa. Ora, caso Aécio tivesse sido eleito em 2014, qual seria a política do PSDB  frente ao desiquilíbrio de contas ora presente no Brasil? Não seria, também um choque  liberal? Eu diria ultra liberal, que combinaria aumentos de impostos com profundos cortes nos gastos sociais para equilibrar as contas públicas, tanto no plano interno como externo.

O apoio do MST e dos movimentos sociais à presidente Dilma, é um apoio do tipo “cavalo de tróia”, as base do apoio proposto pelo MST, caso aceito, aprofundaria o desequilíbrio fiscal no Brasil, aumentaria aos gastos sociais e a inflação, causaria desemprego e levaria o País ao caos social total.

Já a oposição coordenada pelo PSDB, ao rejeitar e denunciar as medidas econômicas propostos pela presidente Dilma, não é sincera como o povo brasileiro. Na verdade, o governo da presidente Dilma está implementando a receita liberal moderada de combate à inflação com base no receituário ortodoxo de fundo monetarista.  O PSDB está denunciando uma política econômica ora em implementação no Brasil,  que se Aécio fosse  eleito aplicaria, dando maior conteúdo à uma política econômica que combinaria corte nos gastos sociais com arrocho salarial do funcionalismo.

Portanto, a presidente vive no pior do mundo. De um lado tem uma oposição  populista, e porque não dizer insincera com o povo brasileiro, em relação às medidas econômicas adotadas por Dilma, e de outro, uma coalizão social de apoio, cujas condições estabelecidas para este apoio, caso fosse aceita, anularia todas as inciativas para diminuir o desequilíbrio das contas públicas.

Dilma está entre a cruz e a espada. A presidente precisa continuar a manter as medidas impopulares em curso, mas está em pleno processo de desgaste moral por causa do petrolão. Como a avaliação dos governos depende do desempenho econômico, sua avaliação positiva caiu em níveis sofríveis. Assim, Dilma não dispõe de elementos essenciais para conduzir com mão de ferro o combate ao desequilíbrio das contas públicas, que precisaria uma legitimidade de largo alcance.

Por outro lado, o PT e PMDB, os dois principais partidos de sustentação da presidente estão em enorme defensiva política, devido ao escândalo do petróleo que acaba de envolver repetidamente o tesoureiro petista e os nomes dos pemedebistas presidentes do senado e da câmara dos deputados.

A oposição neste momento está com enorme vantagem perante à opinião pública. A oposição está vencendo nas ruas e conta com toda a divulgação na grande mídia do maior escândalo político comprovado da história recente do mundo ocidental.  Creio que levar a disputa para as ruas não seria a melhor estratégia para Dilma e seus aliados. A oposição está dando um banho neste território.

A solução passa pela estratégia institucional. Dilma deve ampliar políticas de governança junto ao congresso nacional, toda a agenda deve ser previamente pactuado com sua base política, procurando ampliar para setores independentes do congresso nacional.  Dilma deve abrir uma conversa franca com os movimentos sociais que lhe dedicam apoio e solicitar pelo menos trégua neste momento de séria crise econômica.

Quanto à oposição tucana, esta não deve se confundir com setores golpistas da direita. Deve conduzir com responsabilidade sua fustigação ao governo, apresentar uma agenda positiva para o Brasil e apostar numa saída negociada para a situação política do País. Afinal, uma  queda do Estado de Direito atingiria a todos os democratas.

Creio que além da crise econômica, da crise do petrolão, Dilma e o PT vivem a desaprovação e a rejeição por estarem no quarto governo consecutivo à frente do governo brasileiro. Normalmente a roda da alternância exige mudança de governo, mesmo que seja para pior.  Creio que se Dilma não manter com mão de ferro o combate ao desequilíbrio das contas públicas.... Dilma vegetará no descrédito até o final de seu governo. Creio que se Dilma manter sua determinação, sua avaliação política começará a melhorar a partir da metade do ano de 2017.

Estamos de olho.

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