Na manhã do dia 13 de março de 2016 estive coordenando uma ação dos alunos de Ciência Política da UFPA que atenderam a um apelo do
Laboratório de nosso mestrado com o objetivo de conhecermos melhor o perfil social e político dos manifestantes pró-impeachment da presidente Dilma, durante a passeata pelas ruas de Belém. Tratou-se metodologicamente de uma enquete, haja vista que não poderíamos desenhar uma perfeita amostra dos manifestantes.
Nossa enquete, realizada por sete alunos, entrevistou 283 manifestantes no percurso da passeata entre a presidente Vargas e a Doca de Souza Franco. Do total dos manifestantes entrevistados 39 , ou 13.7% do total compunha-se de pessoas que ganhavam até R$ 1.200,00 Reais, enquanto 61% ganhavam a partir de R$ 1.201,00 Reais, destes 40.6% ganhavam acima de R$ 5.000,00 (Cinco Mil Reais), enquanto 20.5% declararam que ganhavam entre R$3.000,00 e R$ 5.000,00 Reais.
Para o nível de renda da população paraense podemos dizer que o povo mais pobre esteve ausente desta passeata, e mais, que esta passeata foi em 60% composta por uma classe média... média e alta.
Perguntamos aos entrevistados se concordavam com o impeachment da presidente Dilma, 59% declaram concordância total, enquanto 23% afirmaram que a presidente deveria sair, somente se houvesse provas do envolvimento desta com corrupção.. 14,1% pediram o impeachment com base nas pedaladas fiscais, ou seja, defendiam o impeachment, não com base em corrupção da presidente, mas com base em crime de responsabilidade fiscal.
Em seguida passamos a tentar traçar o perfil político e partidário dos manifestantes. Perguntamos qual o partido que o entrevistado mais simpatizavam, 25.8% declararam simpatia pelo PSDB, 3.2% optaram pelo PMDB, enquanto 67.1% afirmaram que não tinham simpatia por nenhum partido.
Em seguida perguntamos aos entrevistados, qual o partido que eles mais antipatizavam, 77% declararam antipatia pelo PT, 1.1% pelo PSDB e 2.8% pelo PMDB, 3,9% declararam que não nutriam antipatia por nenhum partido.
Então tentamos captar o perfil ideológico dos manifestantes, a partir da noção de inclusão/exclusão social a partir de políticas públicas do Estado, no eixo direita esquerda estabelecido por Noberto Bobbio. Perguntamos como os manifestantes se posicionavam sobre o sistema de cotas para as minorias existentes nas universidades federais.
A grande maioria dos manifestantes se declarou contra, ou seja, 61.8% afirmou ser contra as cotas, porque seria uma política populista do PT, enquanto 32.2% se declarou a favor das cotas, porque considera como uma importante política de inclusão social, 6.0% afirmou que não tinham opinião a respeito do tema.
Perguntamos a opinião dos entrevistados sobre a Bolsa Família, 67.8% se declarou contra, enquanto 25.1% se declarou a favor, 6.7% não tem opinião sobre o tema.
Em seguida, perguntamos a opinião dos entrevistados, sobre o envolvimento do ex governador Aécio Neves com denúncias de corrupção. 56.5% acredita que Aécio está envolvido com corrupção, enquanto 23.3% acha que talvez Aécio esteja envolvido com as denúncias de corrupção em curso, 9.5% dos entrevistados declararam que Aécio não está envolvido com corrupção, 10.2% afirmaram que não tem opinião a respeito do tema.
É de destacar que os jovens entre 16 e 20 anos são os que mais antipatizam com o PT, 91%, mas também os que mais apóiam o sistema de cotas(66.7%) e a Bolsa Família (66.7%). Já os entrevistados que ganham acima de R$5.000,00 Reais, em 84.3% antipatizam com o PT, e é os que mais simpatizam com o PSDB (27%), e se declaram sem simpatia por nenhum partido (67%), 70% se declaram contra o sistemas de cotas, 70.4% é contra a Bolsa Família, e 53.9% acredita que Aécio está envolvido com corrupção, 77.4% quer a saída imediata da presidente Dilma.