Todo os internautas que me lêem sabem que não tenho filiação partidária há 11 anos. Todos sabem que sou adepto da luta pela equidade social, ou seja, rejeito o perfil das oligarquias que fizeram a maior concentração de renda da história de nosso país. Todos sabem que defendo, radicalmente o liberalismo político como conquista universal da humanidade, traduzindo: não abro mão do Estado de Direito Democrático, que resguarde os interesses do cidadão contra o arbítrio do Estado ou do governante, de jeito nenhum, seja este Estado capitalista ou socialista.
Demarcado o terreno teórico, político e ideológico, quero dizer que não entendí as postagens condenando o cartaz comemorativo do PT pelos dez anos na gestão do governo federal. Os opositores igualaram o cartaz ao estilo do socialismo real com o culto da personalidade, inaugurado por Stalin na Rússia.
O cartaz pode até lembrar a ilustração do Socialismo real do leste europeu, mas as coincidências param aí. Não existe nenhuma correlação entre personalismo e stalinismo: o personalismo rima com estratégia eleitoral em um país com sistema eleitoral proporcional é de lista aberta como o brasileiro.
Num país com sistema eleitoral com as características do nosso, não existe outro caminho para que se produza disputas eleitorais eficazes. Sejam elas para vereadores, deputados, senadores ou chefes de executivos, a pré-condição para a disputa é a produção de referência política de massas, e isso só se obtém através de uma estratégia de marketing que projete de forma sistemática o nome que se quer transformar em político com mandato.
Dito de forma direta: o personalismo ou voto personalizado é pré-condição para quem quer ter seu nome sufragado nas urnas, em um país como o Brasil. Como eleger alguém numa eleição proporcional, como a de vereador ou deputado, se existem mais de 600 candidatos disputando trinta cadeiras legislativas?
Na verdade, o voto personalizado é condição obrigatória para quem realiza a disputa proporcional no sistema eleitoral brasileiro. No caso que envolve o cartaz de lula com Dilma para comemorar os 10 anos do PT na direção do governo federal brasileiro, nada tem de estranho às disputas eleitorais.
Na verdade, a direção do PT quiz sinalizar a unidade da presidente e do ex- presidente frente às eleições presidenciais de 2014. Quiz amofinar a oposição e de quebra fazer a ligação política, neste momento histórico indissolúvel, entre Lula e Dilma para o desespero das oposições.
Portanto, o cartaz de Lula e Dilma nada tem de parecido com a política stalinista, se parece e muito, com estratégias racionalizadas para disputar e tentar vencer mais uma disputa para o governo federal. Agora, para vencer em 2014, só tem de combinar com a globalização econômica e com os índices de inflação e crescimento econômico.