Nas comemorações de 7 de setembro um grupo de manifestantes pedia o voto facultativo no Brasil. Seguramente este debate ganhará vigor no contexto das discussões em torno da reforma política no Brasil.
Num primeiro momento parece muito simpática a ideia de termos o voto facultativo como correr em muitos países, notadamente dentre aqueles com maior tradição democrática e menos desiguais.
Eu também vejo com simpatia o discurso liberal que prega o voto facultativo no Brasil, afinal, ninguém deve obrigar ninguém a participar politicamente do destino de seu país. Porém me faço a seguinte pergunta: quem votará no contexto do voto facultativo ou quem deixará de votar?
Devo lembrar que nos contextos de eleições democráticas rotinizadas, o interesse por eleições partidárias, normalmente diminui. Principalmente em ambiente midiático onde os grandes meios de comunicação vivem e sobrevivem da espetacularização de notícias desabonadores do mundo político, criando verdadeira ojeriza pelos partidos, pelos políticos e até pelas eleições. Produzindo as famosas falácias ecológicas, onde um ou outro exemplo passam a representar o todo.
De antemão devo dizer que quem gosta do período eleitoral são as camadas mais pobres da população, pois neste momento cobram, corretamente, uma pequena parte do que o sistema político, os partidos e os políticos lhes devem, através de trocas objetivas como: materiais de construção, cesta básica, aterros, asfaltos e até o dinheiro básico da famosa “boca de urna”.
Quem normalmente vota por obrigação, por detestar o mundo da política? As classes médias despolitizadas, que paga altos impostos e não vê retribuição através de serviços públicos de qualidade. Este segmento tende a dar uma “banana” para as eleições num contexto de voto facultativo. Este exemplo ocorre muito na Europa e nos EUA, onde 50% da população foge das urnas. A sorte é que nestes países a grande maioria do povo é composta de segmentos médios.
Agora imaginem o voto facultativo num ambiente de desprezo pelos partidos, pelos políticos e pela atividade política, como é o caso brasileiro? Creio que a classe média, revoltada, tenderia a fugir das eleições e os mais pobres veriam seu poder de barganha triplicar: quem se daria bem? Os ricos, e aí teríamos uma plutocracia no Brasil, em balados pelo voto dos mais pobres e dos miseráveis.
Portanto, devemos ir devagar porque o andor é de barro. Nem tudo que reluz é ouro.