Deputados, vereadores e prefeitos vivem um dilema nada fácil: ficar com o candidato governista ou marchar rumo à oposição. Tenho acompanhado encontros estaduais de vários partidos e ouvido muitos prefeitos que apoiaram Jatene nas eleições de 2010 se perguntando: o que meu município ganhou em investimento nos últimos anos? Nada. O governador me recebeu alguma vez em palácio: não.
Este mesmo dilema é vivido também pelo baixo clero da Assembeia Legislativa do Estado- ALEPA. Os vereadores sentem-se abandonados pelos seus patronos: prefeitos e deputados, estes, esvaziados, ficam sem “munição” política para atender as demandas locais.
Por outro lado, estes atores políticos locais sabem que qualquer candidato à reeleição será sempre um “osso duro de roer”, e como tal, vivem o dilema entre enfrentar o governador e correr o risco de ficarem definitivamente esquecido por mais 4 anos ou, correrem os riscos, e virem a marchar com as oposições.
Mas, estes mesmo atores da política municipal e estadual acompanham o ânimo da população municipal e percebem um grande descontentamento com as políticas e os resultados objetivos do governo Jatene em suas cidades e microrregiões, e percebem o crescimento de diversos movimentos em oposição ao atual governo.
Por outro lado, o jovem candidato do PMDB vem caminhando intensamente pelo estado já há algum tempo, apoiado por uma aliança política ungida a partir do Palácio do Planalto. Neste momento, uma bipolarização ao centro se estabelece no território paraense.
Parece que surgirão outras novidades nesta corrida estadual e que serão hostis ao governo do estado. O PTB e o PR ainda não se pronunciaram, mas tendem a acompanhar uma orientação do planalto para as disputas paraenses em curso. Caso estas legendas venham conjuntamente a lançar uma única candidatura ao governo, eu diria: fica dificílima a situação para o governo Jatene, e estes dois partidos ( PTB e PR) ainda disputariam em pé de igualdade a passagem ao segundo turno.
Tudo parece caminhar contra o quinto governo do PSDB no Pará: o longo tempo de governo, a incerteza sobre o estado de saúde do atual governador, um amplo leque de partidos e grupos que ameaçam sair do raio de ação do PSDB nestas eleições e a crítica percepção popular sobre a situação do estado em relação à saúde básica, a violência e, na capital, ainda soma-se a imobilidade urbana.
O jogo está decidido? Jamais, mas tende, hoje, a ser contra os tucanos paraenses. Jatene e seus parceiros terão de fazer em 120 dias, em matéria de ações contra a violência, transportes e saúde, com repercussão na percepção popular, que não foi feito em 38 meses de governo. Será uma batalha por resultados objetivos no contexto de uma disputa monumental no interior da grande mídia e dos movimentos sociais visando trazer a sociedade para o lado do governo.
Os tucanos para impedirem o avanço da candidatura oposicionista do PMDB terão de usar diversos remédios, o principal deverá ser a demonização de Helder Barbalho, tanto do ponto de vista do questionamento da competência como do ponto de vista ético. A questão é: o PMDB aceitará entrar neste jogo? se aceitar pode viabilizar uma terceira via nas disputas eleitorais do Pará.