É certo de que as eleições de 2016 poderão credenciar ou não nomes como Pioneiro e Zenaldo como possíveis pré-candidatos à sucessão do governador Simão Jatene. Somados aos nomes dos prefeitos das grandes cidades paraenses, nomes como o senador Flexa Ribeiro e do deputado federal Nilson Pinto poderão surgir na convenção tucana no ano de 2018. Correndo por fora, a partir da janela que se abre antes dos processos eleitorais, surge o nome do presidente da Assembléia Legislativa-ALEPA, Márcio Miranda.
Simão Jatene, em que pese contra si os criticáveis resultados nas políticas de segurança e de saúde, começa a apresentar obras de grande visibilidade pública como a ampliação da avenida independência, a ponte sobre o rio Igarapé Miri. Estão no forno obras como: duplicação da avenida perimetral, ampliação da avenida João Paulo II, a reconstrução da ponte sobre o rio Mojú e a inauguração do Hospital Oncológico Infantil.
Em outras palavras, as obras anunciadas para as eleições de 2014 serão inauguradas, de fato, até 2018. Independente do surgimento de outras grandes obras no curso dos próximos três anos, não há dúvida, Jatene terá um enorme capital político que projeta sua saída do governo do estado bem avaliado pelo povo do norte do Pará. O desafio de Jatene seria construir obras de referências pelo interior do estado, para avançar em lugares que votaram na oposição em 2014.
Estes resultados, de antemão, poderiam gerar otimismo sobre a potencialidade de uma candidatura governista para vencer as eleições de 2018 no Pará? Vejamos o que dizem as pesquisas científicas atualíssimas.
Recentemente orientei uma pesquisa na UFPA sobre a sucessão de prefeitos reeleitos. A pesquisa foi quali-quantitativa. Ao final tivemos as seguintes conclusões: 1-A preocupação do prefeito reeleito é fechar suas contas no final de seu mandato para se auto-preservar moral e politicamente. 2-De antemão, esta informação nos diz que o prefeito reeleito não fará gastos fora de um rígido planejamento administrativo e financeiro. 3-O prefeito reeleito não gostaria de ser responsável por um terceiro mandato através de um correligionário, evitando assim que fique conhecido como o comandante de uma oligarquia política municipal.
Estes achados nos informam que prefeitos reeleitos não gostariam de ter um terceiro mandato creditado em sua conta. Afinal, este prefeito sonha em voltar à chefia do executivo num futuro próximo. Aqui no Brasil o sonho de qualquer parlamentar é chefiar um poder executivo. Logicamente, que não podemos transplantar automaticamente estes achados para a sucessão no governo estadual ou federal, mas é uma importante informação para reflexão.
Aqui no Pará, o governador Jatene tenta consolidar a imagem de um gestor austero com as finanças públicas, não é por acaso que o Pará é o segundo estado da federação com a dívida mais enxuta com a união, onde a reação dívida- PIB chegaria a 10%. Caso esta inferência esteja correta em relação ao perfil orçamentário do atual governador, podemos esperar uma gestão que não jogará rios de dinheiro nas eleições de 2018, em favor do candidato da situação.
Então, o candidato situacionista contará fundamentalmente com o capital político do atual governador na sucessão de 2018 no Pará. Como sabemos, a taxa de transferência de votos num contexto de aperto orçamentário tende a ser muito relativizada. Simão Jatene não é muito amante de viver percorrendo os municípios do interior paraense, muito menos num contexto onde não será candidato ao governo. Esta hipótese sugere que os candidatos tucanos à sucessão estadual devem ficar de “barba de molho”.
Em nosso estado, normalmente a máquina governamental é decisiva nas disputas estaduais. A rede de candidatos a deputados da coligação governistas costuma exigir pesada contrapartida em forma de recursos financeiros e máquina pública para implantar e manter conexões eleitorais nos distritos municipais. Uma máquina estadual azeitada e gastando muito pode ampliar sua votação nas duas semanas que antecedem uma eleição em até 5% de votos válidos, a exemplo do que aconteceu nas sucessões de 2010 e 2014.
Parece que Zenaldo, Pioneiro, Flexa ou Nilson, eventualmente, Márcio Miranda, uma vez escolhidos na convenção tucana tendem a viver este contexto na sucessão de Jatene em 2014. Vamos aguardar pra ver o desencadear deste processo sucessório. Enquanto isso, Helder Barbalho, detentor de quase 49% dos votos em 2014, segue trabalhando intensamente para se consolidar como um gestor competente à frente do ministério e preparando sua chegada ao palácio dos despachos.
2018: Jatene, sucessão e máquina
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