Quem leu hoje (19) as entrevistas dos "caciques" do PSOL após a assembléia do SINTEPP que decidiu pela sáida da greve ficou atônito. As lideranças falavam da grande
"vitória da greve", e neste sentido listavam as conquistas da greve: ter enfrentado o governo Jatene no primeiro ano de mandato, ter enfrentado a justiça.
Ora, para quem analisa os conflitos políticos não entendeu esta lógica que tenta "dourar" a pílula após terem conduzido a categoria a uma aventura que poderia ter um fim ainda mais desastroso do que foi o resultado desta greve.
Na verdade, a liderança do SINTEPP secundarizou e jogou para o esquecimento uma importante conquista dos professores que foi a aprovação na ALEPA do Plano de Cargos e Carreiras e Salários. Na verdade uma conquista estratégica para os docentes. Mas esta conquista não foi "capitalizada pelo SINTEPP.
O SINTEPP estava há meses negociando com o governo o PCCR, quando repentinamente o Supremo Tribunal Federal -STF produziu uma decisão sobre o piso nacional dos docentes que tramitava desde 2008 naquela corte. Imediatamente a liderança do do SINTEPP avaliou atabalhoadamente que poderia transformar de imediato a decisão do supremo em uma conquista imediata. O SINTEPP queria "gozar" com o "martelo" dos outros.
O SINTEPP não aceitou as ponderações da SEDUC e da SEAD que afirmavam que o governo não pode fabricar recursos a qualquer momento, que esta despesa teria necessariamente que entrar na Lei Orçamentária de de 2012 a ser aprovada em 2011, e mais, que o governo da União deverá entrar com complementação financeira para esta matéria.
Pois bem, o sindicato bancou a greve sem se preocupar em analisar as regras que organizam os orçamentos de governo, e como tal, sofreu consequências políticas gravíssimas, conduziu toda uma categoria para o confronto alegando que o governo poderia, sozinho, bancar imediatamente aquela demanda. A categoria acreditou nos argumentos do sindicato.
Quando um general não é capaz de avaliar o terreno da luta e nem a correlação de forças estabelecido este conduz seu exército para uma derrota inexorável e não é digno de comandar este exército. Assim aconteceu nesta greve dos professores comandada pelo SINTEPP.
O SINTEPP acabou se confrontando radicalmente com a justiça, com o governo e com os alunos e suas famílias, experimentando um enorme isolamento político. O governo deu suas explicações e apareceu perante a sociedade lutando pelo direito de jovens e crianças ao estudo e à escola.
O SINTEPP efetivamente teve uma tremenda derrota política em duplo sentido, perdeu porque demonstrou ser um péssimo analista do quadro político estadual e da força relativa do movimento sindical neste contexto e perdeu perante a sociedade porque demonstrou que seus interesse particulares não leva em conta os interesses prementes dos alunos e de suas famílias.
E o que parece mais patético, demonstram perante a grande mídia um comportamento ufanista em torno do resultado da greve. Será que eles pensam que a sociedade não pensa. Enfim uma tentativa desesperada de "dourar" a pílula perante um resultado político desastroso.