Definitivamente podemos afirmar que ainda não temos partidos  autenticamente republicanos no Brasil.  Esta afirmação advém da frouxidão com que  estas organizações políticas  recrutam seus membros. Na verdade, seriam os partidos, como selecionadores e formadores de futuras elites políticas que deveriam, não só recrutar novos membros, mas buscar socializá-los dentro dos preceitos de que o Estado  é  res pública ou coisa pública, através da formação continuada e do exercício de um rígido estatuto contra a corrupção e o peculato.

Normalmente, 2/3 dos deputados paraenses, tem origem a partir de herança familiar,  são ex-prefeitos, esposas de prefeitos ou parentes de primeiro ou segundo grau de prefeitos e deputados.  Os out sider ou prefeitos estranho à classe política são minorias em nossos municípios. Ou seja, o familismo ainda é o núcleo da organização da elite política municipal no Pará. A segunda característica do perfil destes deputados é de que a maioria é governista, ou seja, 4/5 tenderão a se filiar ao governador de plantão na esperança de levar obras e serviços aos municípios, independente de filiação partidária ou ideológica. Ou seja, a falta de autonomia orçamentária dos municípios brasileiros transforma a maioria dos  prefeitos em vassalo de governadores e presidente.

Acompanhei nas últimas semanas a enorme campanha da militância virtual do PT,  no sentido de demonizar a figura do presidente do supremo Joaquim Barbosa, após a condenação, por peculato,   os dirigentes  petista de 2005: O  presidente (Dirceu), o vice ( Genoíno) e o tesoureiro (Delúbio).

Deputados, vereadores e prefeitos vivem  um dilema nada fácil: ficar com o candidato governista ou marchar rumo à oposição. Tenho acompanhado encontros estaduais de vários partidos  e  ouvido muitos prefeitos que apoiaram Jatene nas eleições  de 2010 se perguntando: o que meu município ganhou em investimento nos últimos anos? Nada. O governador me recebeu alguma vez em palácio: não.

O ex reitor da Universidade Federal do  Pará e deputado federal em seu quarto mandato, Nilson Pinto(60) se lançou candidato a candidato a governador a ser decidido na convenção do PSDB até o mês de junho deste ano.

Parece que  PT e PSDB   tendem a repetir no Brasil, em relação à gestão de governo,  o que vem ocorrendo na Europa, nas últimas décadas. Na Europa a direita chega ao governo com um discurso de austeridade fiscal e  restrição aos gastos sociais,  e de fato reorganizam a economia em prejuízo dos gastos sociais. Então, a esquerda derrota o governo de direita, e então, retoma os gastos sociais, até exaurir a capacidade da receita, gerando desequilíbrio fiscal, e novamente, a direita retoma o governo.

O governador Jatene anunciou nesta segunda feira(03) que estará deixando o governo no dia 08 de março, porém afirmou que não sabe qual o cargo que irá disputar.

Todos os leitores já perceberam que como cidadão,  tenho minhas preferências. Sou radical defensor do Estado constitucional e democrático. Acredito no papel da sociedade civil militante. Admito mudanças mais difíceis, como no conteúdo da propriedade, desde que as pressões sejam canalizadas para o Estado. Enfim. Hoje me classifico como um convicto social democrata. Rejeito Estado de fato, em sua versão direitista (fascista) ou esquerdista (socialismo do Leste e seus satélites).