Já é do conhecimento da comunidade política paraense as divergências  entre o governador Simão Jatene e o vice governador Zequinha Marinho. Estas divergências vieram a público quando o governador Jatene externou ao vice-governador sua estratégia para a eleições de 2018.

Esta estratégia se consubstanciaria na renúncia conjunta de Jatene e Zequinha aos cargos de governador e vice com a ascensão do presidente da assembleia legislativa, Márcio Miranda ao cargo de governador, que se lançaria imediatamente candidato à reeleição. Jatene seria candidato ao senado e Zequinha teria apoio para a reeleição de sua esposa à câmara dos deputados. logicamente que Marinho teria outras compensações políticas para fechar, globalmente, com as estratégias elaboradas pelo governador Jatene.

Mas Jatene recebeu resposta negativa de Zequinha à estratégia proposta. Zequinha apresenta um conjunto de argumentos que embasam sua negativa à proposta do governador do Pará. Zequinha afirma que foi solenemente ignorado como ator político nos últimos três anos e como tal, não está disposto a colaborar com as estratégias propostas pelo governador.

Zequinha tem externado aos seus interlocutores que espera assumir o governo, numa eventual saída de Jatene e lançar-se à reeleição ao cargo de governador. Jatene já expressou que este cenário é nulo, e que prefere ficar no governo até o final de seu mandato e contribuir para a eleição de um sucessor de confiança.

Este texto pretende examinar, à luz da razão as reais alternativas políticas do vice-governador Zequinha Marinho e as consequências de sua decisão para o seu futuro político e de seu grupo.

1-Zequinha Marinho não renuncia ao cargo de vice-governador, se lança ao senado em aliança com a oposição de Helder Barbalho do PMDB-  Decisão de grande risco. Imaginem um vice- governador ligado a chapa do PSDB se lançar ao senado em aliança com o candidato do PMDB. Será que o eleitorado concordará com um vice traíra, perante a percepção popular?

Por certo a máquina midiática ligada ao bloco do PSDB terá de buscar anular os resultados eleitorais desta aliança. A estratégia passará pela demonização do vice-governador como alguém que trocou de lado às vésperas das eleições, ou seja cuspiu no prato que comeu. O exemplo mais nítido de desconstrução deste tipo de estratégia  deu-se nas eleições de 2014, quando o radialista e apresentador de TV Jefferson Lima deixou de apoiar Jatene e passou a apoiar Helder.

O resultado eleitoral foi que Helder perdeu voto,  no segundo turno, na região de Belém e Ananindeua, depois de uma mega campanha do bloco governista que o taxou de “traidor”. Ou seja, o eleitorado não perdoa vira casaca. Esta estratégia de Zequinha é de altíssimo risco, tanto para si como para Helder.

2-Zequinha fica no governo até o final e mantém-se neutro na disputa eleitoral- Esta estratégia, por si só, é um “chega pra lá” em Jatene, pois deixaria o governador sem mandato a partir de 2018. O resultado prático seria a transformação do governador em seu inimigo declarado, e como tal, apoio político e material à reeleição de Júlia Marinho seria nulo, e de quebra, ações política para cooptar as bases desta candidata por certo ocorreriam e que poderiam levar esta candidata à uma eventual derrota eleitoral.

3-Zequinha fica no cargo e se lança ao senado em apoio à chapa de Márcio Miranda- Com esta decisão Zequinha apostaria em ter o apoio pessoal do eventual candidato do bloco governista, Márcio Miranda e evitaria ser taxado de vira casaca. Mas em termos práticos Zequinha continuaria deixando Jatene inelegível, e como tal não contaria com a máquina do governo à sua disposição ou de sua esposa Júlia Marinho. Os riscos para o futuro político de seu grupo continuariam altos.

Qual o melhor cenário para o vice-governador Zequinha Marinho?

Zequinha está no meio de um jogo político, que neste momento está carregado de irracionalidade, a paixão está se sobrepondo à razão. O melhor cenário deveria comportar dois momentos integrados entre sí: garantir o futuro político do vice-governador e manter o espaço político conquistado nos últimos 4 anos. Dito de outra forma, Zequinha teria de conquistar um mandato eletivo e resguardar o espaço de seu grupo político, incluindo espaços para a deputada federal Júlia Marinho.

Isto posto, Zequinha poderia se candidatar a deputado federal e Júlia Marinho seria candidata a deputada estadual ou vice versa. Neste cenário Zequinha poderia construir sua estratégia, tanto em aliança com o bloco governista como com o bloco oposicionista comandado pelo PMDB. Zequinha só teria de calcular os custos e benefícios da escolha do lado por onde combater nas eleições de 2018.

Além dos cálculos políticos sobre qual é o melhor cenário para Zequinha e seu grupo, o vice- governador deve ter uma clara análise dos cenários que permearão a conjuntura da disputa de 2018 para o governo do estado e para o senado. Qual o peso que a Lava Jato e a Ficha Limpa terão na conjuntura das eleições de 2018 em nosso estado?  Qual o peso que a extrema rejeição de Temer terá sobre os candidatos ao governo e ao senado no Pará em 2018?

De fato, existem poucos cenários favoráveis à disposição do vice-governador, o que tem-se de medir é por onde as chances se ampliam e por onde estas se retraem.

 

Tenho dito.

 

 

 

 

 

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