O partido da social democracia brasileira- PSDB e seu candidato nas eleições presidenciais de 2014 Aécio Neves, obtiveram quase a metade dos votos válidos do país.  O PSDB desde as gestões de sucesso do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso-FHC, construiu uma enorme referência em políticas fiscais rigorosas vendendo  a imagem de ser um partido cuja marca era a responsabilidade no trato do equilíbrio orçamentário do Estado brasileiro.

Independente da rede de causalidade que determinou o desequilíbrio orçamentário que o Brasil vem enfrentando neste momento, a sociedade brasileira espera de sua classe política  congressual, maturidade, no sentido de aprovar medidas de ajustes fiscais que apontem para o reequilíbrio do orçamento público.

O governo da presidente Dilma através do ministro Joaquim  Levy, apresentou um pacote de medidas que visam enfrentar o descontrole dos gastos da máquina pública federal. Estas medidas têm claro conteúdo ortodoxo caracterizado pelo: corte de gastos do governo, arrocho salarial e criação de novos impostos, como a CPMF em particular.

O conteúdo deste pacote de ajuste fiscal significa uma clonagem do programa de governo do ex presidente FHC e na opinião de grande parte dos economistas, notadamente os liberais, significariam ações de curto  prazo que sinalizariam aos investidores externos e internos, uma intervenção arrojada por parte do governo para enfrentar a crise em curso.

Estas medidas só ganhariam concretude se viessem a ser aprovadas pela câmara dos deputados e pelo senado federal. Porém, a oposição capitaneada pelo PSDB vem se colocando contra todas as medidas de ajustes fiscais que signifiquem contenção de aumentos salariais, criação de novos impostos e diminuição de gastos sociais, especialmente na educação.

Em síntese, nós temos os seguintes paradoxos hoje na política brasileira: o governo assumiu o programa econômico do PSDB e o PSDB assumiu o programa social do Partido dos Trabalhadores-PT.  Ou seja, a mensagem que a oposição congressual está enviando à sociedade, reflete tão somente uma luta pela derrubada do governo, mesmo que o Brasil e suas conquistas econômicas e sociais dos últimos 20 anos virem fumaça.

O PSDB está se comportando como um partido imaturo, em idade adolescente. Em nome de aproveitar a fragilidade do governo, esquece de apoiar programas  objetivos que visam reequilibrar as finanças públicas. Este modelo de ajuste fiscal  são de  autoria  tucana na política brasileira.  O PSDB vem apostando tudo na destruição das políticas econômicas do governo. O PSDB pensa cegamente em quebrar as pernas do governo.

Ledo engano. O PSDB está perdendo uma enorme oportunidade de demonstrar ao País que seu compromisso maior é com os interesses da sociedade e com o Estado Democrático de Direito. Aécio e seus liderados deveriam estar dando um show de coerência e ajudando a aprovar medidas duras para enfrentar a crise econômica em curso. Aqui sim, se credenciando como eventual candidato a governar o Brasil na conjuntura próxima.

Creio que o PSDB está fazendo uma leitura linear da conjuntura política. Em 2005 o PSDB apostou em fazer o governo Lula sangrar na crise do mensalão, na perspectiva de ganhar o governo nas eleições de 2006. A conjuntura internacional favoreceu enormemente, do ponto de vista econômico, o governo federal de então e, no curso do crescimento econômico e da criação de uma avalanche de empregos formais, Lula foi reeleito.

Pois bem, agora, parece que o PSDB acredita que aquela conjuntura poderia se repetir. Creio que aqui reside a visão linear tucana. Hoje é dificílimo que a conjuntura externa venha a ajudar o governo Dilma. O mundo está em estagnação ou em fraco crescimento econômico. O Brasil apresenta claros indícios que sinalizam para a recessão, desemprego e aumento da dívida pública. Portanto, esta conjuntura nada tem a ver com a conjuntura de 2005-2006.

Enquanto isso, o PSDB comanda uma rebelião congressual que vem ajudando a paralisar as decisões de interesse do ajuste fiscal.  A comunidade econômica internacional percebe sinais objetivos de que o governo Dilma não tem condições de aprovar medidas de ajustes fiscais. As agências internacionais de avaliação de riscos vêm, sistematicamente diminuindo a nota do Brasil.

Do ponto de vista interno a população vem aos poucos internalizando psicologicamente a crise, o consumo está diminuindo, o comércio está vendendo pouco e a produção industrial tende a se contrair, aumentando as demissões no comércio e na indústria nacional. Enquanto isso, a grande mídia fatura audiência em cima da crise, amplificando seus efeitos e causando uma hiper percepção popular da conjuntura econômica.

O barco está à deriva. A sociedade brasileira não percebe nenhuma força política agregadora e responsável atuando para enfrentar politicamente a crise em andamento. O Ministério Público-MP, a Polícia Federal-PF e a justiça federal do Paraná, surfam nos escândalos cotidianos, enquanto isso, conquistas dos últimos 20 anos tendem a se esvair.

Parece que o governo não dispõe de ministro com autoridade para dialogar com o MP, a PF e o Poder Judiciário, para estabelecer uma agenda para por um fim a estas investigações. Que indiciem os suspeitos. Que prendam os culpados. Que retomem os recursos roubados. Mas este processo tem que apontar para sua finalização, senão, o Brasil não aguentará mais dois anos de paralisia política e crise econômica. Lembremos, nestes contextos pode surgir no Brasil um novo Mussolini que se apresentaria como o salvador da Pátria, caçador de corruptos e destruidor da democracia.

Tenho dito.

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