Mais um marco para a Medicina na Amazônia. Foram realizados os dois primeiros transplantes de córnea em um hospital universitário da Amazônia, nesta quinta, 20. As cirurgias aconteceram no Hospital Bettina Ferro de Souza (HUBFS) da Universidade Federal do Pará (UFPA), que é referência em Oftalmologia na região. O transplante possibilita que pessoas com problema de córnea opaca voltem a enxergar, ou seja, tenham a oportunidade de redescobrir o mundo das imagens.

Com a iniciativa, o Bettina abre cadastramento de pacientes que vão ser atendidos pela lista única da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), da Secretaria de Estado de Saúde, ajudando a diminuir a fila de espera, a qual conta hoje com cerca de 600 pessoas a serem submetidas à cirurgia no Estado, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com números da CNCDO. Desde 19 de agosto deste ano, o Bettina Ferro está credenciado pelo Ministério da Saúde para realizar transplante de córnea, por meio da Portaria 474.

Para o diretor geral do hospital, o médico Paulo Amorim, a realização do transplante de córnea é a viabilização de um antigo sonho, já que o Bettina é considerado hospital de referência na área.  “Carecia desse procedimento para dizermos que realizamos todos os procedimentos da visão. Chegada a hora, uma série de fatores se cruzaram e tudo deu certo para que acontecesse o transplante, principalmente porque tivemos apoio da CNCDO. Temos excelente equipe médica e vamos melhorar ainda mais nossa infraestrutura. Isto é um ponto de pauta junto à Reitoria da UFPA para ajudar também na implantação de outros serviços à população”, disse o diretor.

O reitor em exercício da UFPA, professor Horácio Schneider, ressaltou que a reitoria vê com orgulho e satisfação o Bettina ganhar notoriedade na saúde da Amazônia. “O nome da professora Bettina está muito bem honrado. A atual gestão da UFPA baseia-se na democracia participativa e nossa política é traçada de acordo com a política do hospital, a qual é amparada e apoiada pela gestão atual. A reitoria está disposta a colaborar injetando recursos na instituição como tem feito em busca de solução para os problemas que possam existir. Nosso papel é suplantar os desafios”, apóia.

A equipe médica que realiza o transplante é multiprofissional e coordenada por Paula Caluff. “Estamos felizes por esse momento e preparados para essa importante missão. Como a medicina avança bastante e queremos realizar procedimento de alto nível, fizemos vários cursos de capacitação fora do Estado”, disse a coordenadora.

Córnea - O médico cirurgião Jesu Sinando Filho explica que a córnea é uma região transparente do olho “como se fosse um pára brisa de automóvel”, compara, e quando ela perde sua transparência (o que pode ocorrer em várias doenças) é preciso trocá-la por uma córnea doadora, para que volte a transparência e a pessoa recupera a visão. “Toda cirurgia de olho não deixa de ser um procedimento sério e importante, mas hoje é uma cirurgia feita em ambulatório e o paciente volta no mesmo dia para casa”, conta.

Porém, a recuperação da visão na fase pós-operatória também exige cuidados. “O paciente é acompanhado durante seis meses, recebe alta definitiva e pode voltar às atividades normais. Durante esse tempo, tem que usar colírio, medicação e ter repouso adequado para obter sucesso no transplante. É possível haver rejeição no procedimento, mas é raro”.

Texto: Cleide Magalhães – Ascom/Hospital Bettin

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