Os cenários políticos para as eleições de 2018 no Pará começam a ficar menos embaçados. Não há dúvidas que os candidatos fortemente identificados pela população como fichas sujas terão enormes dificuldades eleitorais nas disputas para os cargos majoritários, seja na disputa para o governo ou nas disputas para as vagas no senado federal.
Isto, posto podemos antecipar um primeiro pressuposto que impactará as disputas para os cargos majoritários: a Operação Lava jato moldará em grande medida o comportamento do eleitorado dos centros urbanos de todo território nacional, ou seja, será exigido que os candidatos aos cargos majoritários sejam ficha limpa.
Isto posto, os nomes a serem colocados para os cargos de governador e senador que estiverem publicamente identificados com denúncias de corrupção serão severamente desprezados pela maioria do eleitorado urbanos das unidades federativas do Brasil. Talvez estas venham a ser a disputa eleitoral, para cargos majoritários, onde o eleitorado abandonará avaliação pragmática em torno do desempenho administrativo ou político de governadores e senadores e passará a utilizar o critério da moralidade pública, como critério primeiro, para definir seu voto.
Testes realizados recentemente em minhas pesquisas acadêmicas demonstram que na presença de, somente, candidatos esperados ou contumazes aos cargos de governador e senador, marcados por denúncia de corrupção, existe a pré-disposição de desprezo por parte do eleitorado, e mais, este desprezo é materializado em baixa intenção de votos nos fichas sujas e uma enorme migração destes votos para o voto branco/nulo, chegando este percentual a 50% dos entrevistados.
Outra tendência muito clara nas disputas majoritárias no Pará é o desejo do eleitorado em ver como candidato aos cargos majoritários, políticos conhecidos, mas que não são identificados ou denunciados publicamente como ficha sujas e ou como suspeitos, a partir de tal denúncia. Isto posto, podemos concluir que existe outro cenário muito forte em perspectiva: está aberto as possibilidades de renovação radical dos quadros e governador e senador no Pará, nas eleições de 2018.
Mas tudo pode continuar como dantes nas eleições de 2018 no Pará. Para tal, basta que nomes de políticos sérios, reconhecidamente honestos não se apresentem para as disputas majoritárias de 2018. Neste cenário, muitos votos serão endereçados a jovens candidatos, mas que não dispõe de organização política capaz de estruturar suas candidaturas em todo o território paraense, além, logicamente, de que, neste cenário, deveremos ter um percentual recorde de eleitores que votarão em branco ou nulo. Nesta situação os candidatos reconhecidos ou denunciados como ficha suja poderão polarizar novamente as eleições majoritárias paraense.
Para as disputas proporcionais o cenário de busca pelos fichas limpas fica mais embaçado. Isto deve acontecer porque o sistema eleitoral brasileiro não ajuda o eleitor a escolher seu candidato. No sistema eleitoral proporcional de lista aberta é quase impossível ao eleitor mediano (comum) avaliar o desempenho de 58 deputados estaduais e federais, e o que é muito mais difícil: escolher com critério dentre mais de 1000 candidatos aos cargos de deputados estaduais e federais nas eleições do Pará.
Isto posto, a tendência de que as velhas raposas corruptas do parlamento nacional e do parlamentos do estado sejam cassadas e liquidadas nas urnas é muito pequena. A renovação do parlamento deverá permanecer nas eleições estaduais em torno de 40% e para a representação paraense à câmara dos deputados a renovação deverá ficar no patamar histórico de 25%. Ou seja, se é verdade de que os comandantes dos grandes “esquemas” no parlamento são os mais bem aquinhoados pelo poder econômico, então estes deverão continuar no parlamento.
Creio que nomes bem votados nas disputas de 2016 nos grandes centros urbanos e que são identificados como honestos terão grandes probabilidades de virem a ter forte presença nas eleições majoritárias de 2018.
Tenho dito.