Não há dúvida, a derrota eleitoral de 2010 removeu o poder de polarização do PT estadual pelo menos até as eleições de 2018. O Partido dos Trabalhadores tinha sido protagonista central das eleições para o governo do Pará durante três eleições consecutivas: 2002, 2006 e 2010. Por certo, o desastre que significou o governo Ana Júlia, perante a percepção popular parece que  removeu este partido do poder de polarizar, eleições no Pará, pelo menos durante as próximas eleições.

As eleições de 2014 e o jovem candidato Helder Barbalho recolocaram o PMDB na polarização das disputas para o governo após três eleições sem poder eleitoral para tal: 2002,2006 e 2010. Exatamente nas eleições em que o PT assumiu este protagonismo. Não tenho dúvida de que as coalizões políticas, comandadas pelo governo do estado e pelo PMDB, que polarizaram as eleições de 2014, devem se apresentar novamente para as disputas  estaduais de 2018.

Porém, este cenário que de antemão se apresenta para as eleições de 2018 pode vir a sofrer alterações a partir da intervenção na conjuntura da operação Lava Jato. Nada pode ser antecipado até que novas fases desta operação venham  ser completadas e que poderão ter desdobramentos na sucessão paraense de 2018.

Outro fator que poderá ter peso no processo sucessório paraense é a cassação do governador Simão Jatene. Dependendo da confirmação ou não pelo STF ou pelo TSE desta cassação novos desdobramentos podem emergir na sucessão de 2018 no Pará.  Uma eventual cassação do governador e de seu vice produziria  de imediato  uma possível nova eleição estadual, a exemplo do que ocorreu no estado do Amazonas. Neste cenário a conjuntura ficaria muito nebulosa. Nenhuma tendência poderia ser antecipada neste momento.

Caso o governador vença os recursos nos tribunais superiores, existem dois cenários possíveis com desdobramento no processo sucessório paraense. Caso Jatene venha a disputar uma das vagas ao senado federal, o governo do estado passaria a ser ocupado pelo atual vice, Zequinha Marinho, que deixaria de ser um peão no jogo político estadual.  Zequinha  poderia  buscar reeleição ao governo ou vir a apoiar um outro candidato, que deveria ser pactuado com Jatene.

No contexto de um eventual governo Zequinha Marinho e Jatene vindo a concorrer ao senado, a base do governo Jatene poderia cindir-se, pois  um ator chave no jogo político estadual não estaria contemplado, este ator político governista é o presidente da ALEPA Márcio Miranda. Miranda aspira as candidaturas, ou de governador ou de senador.   Este impasse se resolveria se Jatene e Zequinha viessem a lançar Márcio Miranda ao governo do estado.

Caso Jatene venha a optar em permanecer no cargo de governador até o final de seu mandato e decidir  encerrar sua carreira política, então  emergiria um cenário mais consistente para que a coalizão governista comandada pelo PSDB ampliasse seu poder de fogo no processo sucessório de 2018, pois além de contar com  Jatene liderando as ações de governo, ainda restariam duas vagas no senado e o cargo de governador para contemplar as aspirações dos principais lideres políticos do bloco governista.

Mas, deixando de lado as movimentações do bloco governista comandado pelo PSDB e da oposição conservadora  liderada pelo  PMDB de Jáder e Helder Barbalho seria interessante verificar como a conjuntura da Lava Jato poderia  vir alterar esta bipolarização que parece que ocorreria naturalmente no Pará  em 2018 caso não existisse este gigantesco escândalo em curso  na política brasileiro que está tragando os principais líderes dos grandes partidos brasileiros.

Não há dúvida, as pesquisas qualitativas vêm indicando que o eleitorado dos grandes centros urbanos do estado  tendem a votar em candidatos com poder de disputa eleitoral e que sejam fichas limpas. Isso quer dizer que os candidatos que venham a ser postos para a disputa de 2018 não deverão ter a “pecha” de corruptos decretadas pela operação Lava Jato.

Isto posto, podemos afirmar que o quadro da polarização eleitoral que hoje está posta entre governo e PMDB  no Pará poderá sofrer grandes transformações nos próximos meses, dependendo da evolução de novas fases da operação lava Jato. E mais, quem mais corre risco nesta conjuntura futura é a candidatura do PMDB Helder Barbalho, devido a citação de seu nome pelos delatores da JBS.

Por outro lado, caso o bloco governista comandado pelo PSDB  venha a consensualizar um nome que seja Ficha Limpa e tenha densidade eleitoral, então as chances do bloco situacionista se colocar muito bem no próximo processo sucessório se coloca novamente. Por outro lado, abre-se a conjuntura a  um novo ator polarizador.

Num cenário em que emerja  graves prejuízos à candidatura Helder Barbalho, poderia emergir um novo ator com potencial de disputa eleitoral. Este candidato deveria ter três características básicas: ser conhecido nos grandes centros urbanos do Pará,  ser notoriamente um Ficha Limpa e que tenha uma articulação política com poder de disputa estadual.

Em síntese,  uma eventual intervenção de novas fases da operação Lava Jato na conjuntura eleitoral de 2018 no Pará deixa  no fio da navalha a candidatura Helder Barbalho,  devido  a vinculação de seu nome a possíveis escândalos delatados pela JBS. Já o bloco governista liderado pelo PSDB parece ter mais escolhas, a priori, frente a conjuntura da Lava Jato, haja vista que pode vir a escolher um nome sem vínculo com os escândalos investigados pela operação Lava Jato.

A terceira via, ou um nome alternativo só se viabilizaria se fosse constituído um amplo bloco de forças de centro esquerda sob a liderança de uma notória figura pública do mundo político, ficha limpa e que tivesse base de sustentação em todas as microrregiões do Pará, além de apoio articulado nos movimentos sociais e partidos políticos.

Caso as forças de centro esquerdas não venham a se aglutinar em torno de um nome competitivo, então, num contexto de uma eventual fragilidade do candidato do PMDB, as forças governistas lideradas pelo PSDB poderiam ter uma fácil vitória política no processo sucessório de 2018 no Pará.

Mas, tudo pode vir a ocorrer na política brasileira, inclusive um grande pacto conservador que salve a cabeça de Temer e encerre a operação Lava Jato. Neste cenário então, o bloco governista liderado pelo PSDB/Jatene e o bloco do PMDB seriam os atores principais nas disputas estaduais de 2018 no Pará. E seria um jogo sem favoritos, qualquer um destes dois  blocos poderiam sair vitoriosos.

 

 

 

 

 

 

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