Ando depressivo com as perspectivas da luta socialista no Brasil. Dediquei mais de 20 anos de minha vida no projeto de esquerda. O PT chegou ao governo, realizou  ações únicas de inclusão social e distribuição de renda. Mas o PT  vem me envergonhando desde 2005. O Maior patrimônio desta legenda foi jogado no lixo. A luta pela renovação histórica da classe política brasileira foi perdida. Pelo menos pela via da esquerda.   O PT não conseguiu produzir uma classe política ética e republicana nas relações, na sociedade e dentro do Estado democrático de direito. Os episódios do mensalão e da Petrobrás ilustram estes fatos incontestáveis.


Mas apesar de tudo, o PT cunhou  uma marca que ninguém pode lhe tirar. Ninguém  não pode dizer de que o PT não é o partido voltado aos mais pobres. Os avanços na inclusão educacional dos mais humildes são incontestáveis. A distribuição de renda e o combate  à fome  são fatos. Mas hoje o PT é um partido da ordem. Um partido que não conseguiu se transformar em uma ferramenta de produção de uma revolução ética, cultural e moral na sociedade brasileira. Enfim, o PT se transformou  num partido social conservador, pois não combateu o capitalismo em seu conteúdo mais central: a dominação psicológica, valorativa e cultural. O PT é um partido patrimonialista em todas as suas versões.

Esta é a enorme decepção pela esquerda. Mas os social democratas e liberais em todas as suas matizes também mantiveram-se no patamar do patrimonialismo nas relações com o Estado nacional e suas esferas subnacionais e locais. O Pará é o maior exemplo de que nosso estado não teve nos últimos 85 anos, governantes capazes de construir e reproduzir uma fração de classe política ética e republicana e, muito menos competente administrativamente na gestão política de nossos recursos financeiros em direção a obras estruturantes em todas as esferas da vida.

Noventa por cento da sociedade não dispõe das condições básicas de vida: saneamento, segurança, assistência digna à saúde; Mobilidade urbana na região metropolitana; Tratamento de resíduos sólidos; Plano diretor do desenvolvimento econômico; Portos e aeroportos;Pavimentação asfáltica de alta qualidade e, Gestão eficaz e eficiente dos serviços públicos.

Parece que uma sociedade onde a metade vive em padrões africanos de vida, não vem conseguindo produzir uma classe política republicana e competente na gestão do Estado em todas as suas dimensões. Parece que mais uma vez é o Estado que vira o centro mobilizador da renovação da sociedade e da política. Parece que o Ministério Público, A Polícia Federal e as universidades, deverão assumir a liderança de mecanismos que venham a republicanizar e qualificar uma classe média. Parece que sem desenvolvimento econômico municipal não produziremos uma sociedade civil autônoma, capaz de vir a controlar a classe política.

Diria que hoje estamos sentido os sintomas de tsunamis sociais que se gestam. O junho de 2013 vive a assombrar os governantes. Mas parece que da sociedade não surgirá nenhuma alternativa civil e democrática para enfrentar os problemas. A esquerda está moralmente destroçada no Brasil e precisará de pelo menos duas décadas de muita prática republicana para superar os anos de mensalões e petrolões. A direita está às espreitas. Liberais e esquerda democrática deverão dosar seus confrontos para impedir uma saída facista para o Brasil.

Um abraço a todos.

Viva 2015.

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